Na Politica Nacional de Assistência Social, as expressões vulnerabilidade e risco figuram quase sempre juntas e nessa ordem, referindo-se à exposição dos indivíduos e famílias a tais situações. Parece haver complementaridade entre ambas, embora falte um enunciado para cada uma.
Ao tratar da atenção social a famílias, alguns autores assumem a vulnerabilidade como um conceito complexo e multifacetado, relacionado à exposição das pessoas às questões próprias do ciclo geracional, das relações sociais, da dinâmica dos territórios, da qualidade do acesso a trabalho, renda e serviços
Imaginemos uma família que tenha buscado o CRAS. Chefiada por uma mulher na faixa dos trinta anos, desempregada, com filhos pequenos e uma mãe idosa com a saúde fragilizada, vivendo em dois cômodos em um bairro distante do centro da cidade. As crianças têm acesso e frequência na escola? Todos são acompanhados na unidade básica de saúde? Como a mulher faz para gerar renda suficiente para prover as necessidades de sua família? A senhora idosa tem direito à seguridade social contributiva (aposentadoria, pensão) ou Benefício de Prestação Continuada? Todos estão inscritos no CadÚnico? Com quem podem contar para as necessidades mais urgentes? São muitas perguntas para compor o histórico de como a família enfrenta suas fragilidades e desproteções.
A falta de prevenção ou o aprofundamento das situações de vulnerabilidade poderão originar situações de risco social decorrentes da exposição à violência, exploração, negligência, dentre outras violações de direitos emergentes ou já estabelecidas. A pobreza é um elemento de vulnerabilidade social que pode agravá-la e potencializar o risco.
Podemos distinguir os conceitos e reconhecer inter-relações ao considerar que a sociedade pós-industrial e tecnológica caracteriza-se como uma sociedade de risco por conta dos efeitos que a tecnologia, a globalização econômica e os desequilíbrios ecológicos produzem. Há implicações éticas, políticas e culturais presentes na interação entre as pessoas e as relações de poder que norteiam os processos econômicos, produtivos e tecnológicos que desconsideram os impactos para os seres humanos e o meio ambiente.
Pensemos na família imaginária e tantas outras correndo o mesmo risco de ficarem expostas à pobreza, fome, violência, exploração, moradias precárias e irregulares em encostas, beiras de córregos, sem saneamento básico ou energia elétrica.
Neste sentido, podemos entender que o risco refere-se às fragilidades da sociedade contemporânea, enquanto que a vulnerabilidade diz respeito à condição dos indivíduos nessa.