Apenas para mudar o foco e sair um pouco da pandemia, por que não falar em política? Até porque a arte do poder domina nossas vidas e em nosso país a cada dois anos temos eleição. E o que temos pela frente?
No próximo ano teremos disputa eleitoral no âmbito do governo federal, estadual e dos legisladores (senadores, deputados federais e deputados estaduais). A eleição dos legisladores, via-de-regra, tem seguido uma proporcionalidade em relação à eleição do executivo, quer dizer: o número de senadores e de deputados que cada partido elege tem a ver com a quantidade de votos recebidos pelo governador e pelo presidente eleito. Até aí, tudo bem! É uma tendência do eleitor de colimar os votos conforme a afinidade dos candidatos.
Mas como se dará a próxima disputa em termos de confrontos? Pelo andar da carruagem, tudo indica que continuaremos com a polarização. Ou seja, ficaremos restritos a dois grandes grupos em oposição. É óbvio que aparecerão inúmeros candidatos, até porque nossa legislação eleitoral permite que partidos nanicos indiquem nomes desconhecidos, mas ao fim e ao cabo, a ideologia e as posições serão antagônicas, dualistas. O segundo turno nos últimos tempos tem demonstrado isso. Seja em âmbito federal ou na seara estadual, presumo que de um lado estarão as esquerdas ou pseudo-esquerdas (todos aqueles partidos que são contra Bolsonaro – mesmo que em seu governo tenham coisas boas) e de outro os governistas bolsonaristas (direitistas, centro-direitistas, centristas e outros – mesmo que de seu lado surjam velhas raposas). A fauna, como de sempre, migrará conforme a inundação ou o incêndio, ou conforme o terremoto ou o furacão.
Na onda do sucesso ou do fracasso do combate, prevenção, vacinação e tratamento da COVID 19, surfarão os candidatos.
Haverá muito disse-me-disse (que novidade!). As fake news, infelizmente, abundarão, em detrimento das propostas. Haverá muita acusação, de ambos os lados. Uma verdadeira guerra de bugio. Creio que ainda não será dessa vez que haveremos de mostrar um amadurecimento seguro da nossa classe política. Com raríssimas exceções, os candidatos serão de ocasião, oportunistas, sem conteúdo e descompromissados, além, é claro, da velha hipocrisia e da mentiria campearem.
Mas quero crer que mesmo assim estejamos avançando em nosso crescimento democrático. Por óbvio que há muita coisa para melhorar (tipo o financiamento milionário de campanha, a auditagem dos votos, os candidatos-laranja, o puxa-voto, o voto distrital, etc).
Mas como já foi dito um dia, a pior democracia ainda é melhor do que a melhor ditadura. Nesse sentido, vamos esperar que a próxima eleição extrapole a simplória briga de bar e signifique uma esperança de um país melhor. Essa minha crença, confesso, não levo muita fé.
Otimista? Pessimista? Talvez seja melhor realista! Mesmo assim, e por conta dessa “velha senhora” (BOBBIO), é que proponho: Vamos falar de política!