Antes de qualquer julgamento precipitado vou explicar: Sou contra qualquer forma de violência, seja ela física, psicológica, sexual, moral ou de outra natureza. Desta maneira achei um despropósito o tapa do ator Will Smith no comediante Chris Rock. Primeiro que os artistas são figuras públicas, em exposição na grande mídia internacional. É de se supor que não sejam “ignorantes” e muito menos “pobretões”. Assim, o tapa foi deplorável. Mas igualmente o comediante “errou na mão”. Fazer chiste com uma doença de um ente querido é uma afronta além de um acinte. Quem já passou por algum perrengue em termos de saúde, própria ou de pessoa próxima, sabe o que é. Assim o comediante, além de ser “sem noção”, também não teve empatia ou compaixão pelo próximo.
Mas quando um fato acontece em um evento de repercussão internacional, envolvendo grande divulgação e com personagens para lá de ímpares (egos e salários inflados), as opiniões são muitas. Invariavelmente há manifestações de indignação, de justificativa, de apoio, de repreensão e até do velho adágio: “Olho por olho, dente por dente!” (Não concordo).
Sempre acreditei na terceira Lei de Newton: “A toda ação há sempre uma reação oposta e de igual intensidade: as ações mútuas de dois corpos um sobre o outro são sempre iguais e dirigidas em sentidos opostos.” Porém creio que isso fique no campo da Física. Em termos de relações humanas as leis devem ser outras (ou pelo menos poderiam).
Mas no mundo dos “politicamente corretos” nem sempre o discurso corresponde à prática. Vejo muita gente honesta corroborando e apoiando outras nem um pouco honestas. Vejo pacifistas ombreando com belicosos. Vejo seres educados e instruídos repetindo discursos de ódio e de pouco conteúdo intelectual. Vejo materialistas e ateus rogando aos céus e a Deus.
Porém assim somos nós, seres humanos: quando é conveniente “puxamos a brasa para o nosso assado”. Nossa convicção é criada na circunstância. Assisti um debate de dois jovens e um senhor mais idoso sobre algumas considerações atuais de respeito e sobretudo do que se acredita ser um modismo conveniente de afirmação de ideias de difícil aceitação. Vi ênfase nas palavras do senhor. Não vi desrespeito. Entretanto ele foi considerado retrógado, ultrapassado. Até aí tudo bem, afinal seus cabelos brancos e suas rugas denunciavam que ele não “cozinhava na primeira fervura” e possivelmente suas considerações pertenciam a um outro tempo. Mas quando os seus argumentos foram se sobrepujando e sobretudo tirando os argumentos da oposição tive a ingrata surpresa de ouvir que ele era preconceituoso sob a seguinte assertiva: “Vocês velhos não devem ser ouvidos! Melhor a gente ficar quieto!”.
Ora, quem discursa aos quatro ventos que faz parte de uma geração “certinha”, que é contra a ignorância, a brutalidade, o nazismo, o preconceito de gênero e outras bandeiras ideológicas deveria ser um pouco mais humilde e se olhar no espelho da verdade. A imagem a ser duplicada seria de uma opinião preconceituosa em relação aos idosos.
Mas fico consolado ao saber que o choque de geração sempre foi assim e nada melhor do que a “adultice” para acordar todos para a realidade. Sem perceber as crianças se tornarão jovens. Jovens se tornarão adultos e adultos, se a vida assim permitir, se tornarão velhos.
Os melhores ensinamentos e aprendizagens sobre a vida não se encontram nos HD’s e ao alcance dos dedos nas ‘nuvens’ da fartura de informação, mas somente na memória daqueles que já sentiram, já viveram e já experimentaram. Por vezes o tapa (simbólico e nada violento) a ser dado é na face da hipocrisia daqueles que querem explicar o mundo somente à luz de suas convicções extemporâneas. Menos… Menos… Menos violência e mais compreensão!