Júlio de Castilhos
quarta-feira

22 de janeiro de 2025

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Diz-se, aqui no Sul, que tosquiar um porco gera muito grito e pouca lã. Obviamente o termo serve para designar algo em que há muito alarde, porém pouco ou nenhum resultado prático ou objetivo. Pois me parece que o momento político nacional é um pouco disso, ou seja, são muitos “porcos” grunhindo e a situação permanece a mesma.

Vejamos alguns gritos: Não a corrupção! Basta de comprar os parlamentares! Chega de indicações políticas em troca de apoio! Lugar de ladrão é na cadeia! Guardião da democracia! Salvador da pátria! O mais honesto de todos! Obviamente que não haveria espaço para tanto grito.

Entrementes o fato contundente é que pouco ou nada é feito para mudar o panorama geral e a “lã” aparecer. Tenho ouvido notícias de que muitos políticos e partidos que surgiram como novidades (prometendo mundos e fundos, novas posturas, independência de opinião e de voto, lisura e responsabilidade) já caíram no lodo imundo do tudo igual e histórico panorama tupiniquin. E isso vale em todas as esferas e em todos os cargos que permeiam o mundo político (ou seria politiqueiro?).

Via de regra uma pessoa pública (como um esportista, artista, influenciador ou político) deveria ter muito cuidado em suas manifestações visto que a repercussão e o alcance são grandes, mas parece que, justamente ao contrário, essas notoriedades são os primeiros a “vomitar” opiniões sem nexo e sem noção, tumultuando ainda mais o cenário. Talvez isso venha ao encontro de uma dística antiga: “Falem mal, mas falem de mim!” A ânsia pela exposição pública trás uma sequência inconsequente de atos, palavras, bravatas e posicionamentos que em nada contribuem para o avanço de nossa sociedade brasileira. Quando um educador posta um vídeo de suas férias e em seu conteúdo faz um gesto obsceno (aquele em que o dedo médio fica em riste e que insinua uma escatologia) para uma loja de departamentos; quando um líder confessa que cometeu um crime mas a justiça o libertou; quando um político mente ou quando um artista incita à violência, eis que, simploriamente, vemos os muitos gritos e a pouca lã, visto que eles poderiam ter utilizado o espaço para tentar algo produtivo, educativo, cidadão.

É, os tempos são foscos. Torço, em sã consciência, que os embates dos fuçadores ululantes não passem disso, ou seja: que se limitem ao círculo do tosco, do indesejável, do deplorável, do contra produtivo, do mau gosto puro. No mais, é torcer que o porco volte a dar carne e banha e a ovelha dê lã e carne. Entre balidos, urros, cacarejos, latidos, miados, grunhidos e outras vozes, tomara que o barulho ensurdecedor venha do grito das urnas (democraticamente e sem pirotecnia jocosa). E a insegurança jurídica? Bah, mas isso são ruídos para outra oportunidade. Au, au, miau, cocoricó, oinc, oinc, béééééééé.

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