A partir do nascimento, estamos em construção, não só da personalidade, mas da nossa trajetória terrena. Desde a idade em que podemos exercer o chamado livre arbítrio, que envolve as escolhas e as opções, aí passamos à fase mais importante e decisiva da vida: estamos desenvolvendo a nossa autoconstrução. Por que é a parte mais importante da existência? Justamente porque nela podemos moldá-la a partir do que fizermos ou deixarmos de fazer, mas, sobretudo pela capacidade intelectual e de entendimento. Fazemo-nos, dentro dos limites humanos, obviamente, mas naquilo que podemos intervir e modificar, mudar, e principalmente criar. No que pode ser controlado, cada um faz a sua vida.
E pasmem aqueles que nunca tinham pensando nisso. Quase tudo pode ser controlado. Porém, esse controle da vida somente pode ocorrer a partir do pensamento, que é onde todas as ações são idealizadas, para posterior execução ou para que não ocorram. É certo que muitas situações que ocorrem na vida independem de nossas ações ou omissões. Não podemos evitar tantos infortúnios que nos acontecem, bem como não conseguimos prever a sorte que possamos vir a ter. É certo que não se pode evitar a morte, mas também não é menos verdadeiro, que podemos moldar a vida. Em cada escolha, tomada de decisão, mudança de rumos e rotas, há que serem avaliadas as perdas, porque elas sempre existem, embora uma escolha possa trazer imensas vantagens ela sempre implicará em muitas renúncias. E é dessa forma que vamos “desenhando” pergaminho da vida. Cronologicamente, a existência flui, independentemente de nossa vontade, já no que diz respeito aos objetivos, buscas, conquistas e realizações ela depende basicamente de cada um. E a construção é feita pelo caminho, ao caminhar. De nada vale tentar responsabilizar os outros pelo que nos acontece, procurar culpados ou pousar de vítima diante de consequências.
É importante nos darmos conta de que os dois momentos cruciais da vida: chegada e partida, nascimento e morte, são únicos e absolutamente pessoais. E não muito diferente deles, tudo que nos acontece durante a passagem também é de nossa responsabilidade. Citemos apenas um exemplo, tão atual: a má escolha de gestores. Pessoas levadas a altos cargos muitas vezes por escolhas tendenciosas ou contempladas com vantagens imediatistas, as quais, depois fazem grandes estragos à sociedade que os escolheu, cometendo verdadeiros crimes contra a coletividade, através do mal social da corrupção. Enfim, nunca seremos perfeitos, porque a perfeição é um sinônimo de final. Mas, podemos nos perfectibilizar aos poucos, ir evoluindo durante a existência para que quando encerrarmos nossos dias se tenha a consciência de que valeu à pena a experiência humana. E que possamos ser sábios para nos fazer o bem, e assim poder representar o bem para o outros!