Júlio de Castilhos
quarta-feira

22 de janeiro de 2025

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Coluna Opinião: Rotina pandêmica. E aí, tudo bem?

Mas eis que a pandemia de COVID-19 mudou as nossas vidas. (Também deve ter mudado na época da Gripe Espanhola, mas isso faz muito tempo). Nossas rotinas se transformaram. Isolamento social, lockdown, máscara, álcool gel, home office, ensino à distância, tele-entrega, toque de recolher, enfim, tudo novo. Não é possível abrir o jornal, ligar a televisão ou o rádio, acessar à internet sem que ela esteja lá: É na economia, na política, no esporte, e é claro, na saúde. Hospital de campanha, UTI COVID, profissionais da linha de frente, faixas etárias para vacinação, curva de contágio, percentual de infectados, bandeira preta, vermelha, amarela, ou seja, um vocabulário específico que já se incorporou ao nosso dia a dia e que grassa a passos largos criando mais verbetes.

Mas e a vida? E o cotidiano das pessoas como está diante dos novos tempos? Aquela coisa de acordar, fazer a higiene, tomar café e sair: Esquece! Muitos não precisam acordar cedo em função da troca de rotina ou não o fazem porque não querem mesmo. Sair, nem pensar (Fica em casa!). A aula é no quarto, na sala ou na cozinha (com microfone e câmera desligados). Festa com amigos? Aniversário da sogra? Restritos. Trabalho, para muitos, é em casa, com cachorro latindo, criança chorando, martelo batendo e sirene tocando. É tanta limitação que os ânimos começam a se acirrar nos ambientes domésticos. Somente o fato de marido e mulher, filhos, sogros e genros, netos e avós estarem mais tempo juntos fez surgir uma nova componente social: a Rotina pandêmica. Esta rotina impõe que as pessoas se aproximem em suas fragilidades, suas deficiências e suas escolhas individuais (não tenho números, mas as separações e divórcios devem ter aumentado neste último ano). E daí advém os embates, as brigas, a difícil convivência. Obviamente que existem muitos atenuantes, como por exemplo, os fones de ouvido. Esse objeto maravilhoso que teletransporta qualquer ser deste para outro mundo e limita o contato entre as pessoas. Também existe a velha porta fechada, mas a depender do tamanho da família em relação ao tamanho da residência, esse recurso inexiste.

Outro subterfúgio muito utilizado para amenizar as tensões de contato é assistir televisão (seja novela, filme, série, futebol), mas é difícil se concentrar em um ambiente com alta densidade populacional (gritos, choros, cochichos, conversas e outros sons). Os jovens conseguem (com habilidade prodigiosa) ausentar-se do mundo quando à frente de uma tela (seja ela de computador ou de celular), o que permite, de certo modo, restringir algum contato.
Por fim, e não menos importante, há o chamado “isolamento voluntário exclusivo individual” que nada mais é do que dar de ombros para o mundo, para não dizer um termo escatológico. Mas os tempos são outros. É preciso se reinventar. A pandemia nos pegou de surpresa. “Nada do que foi será do jeito que já foi um dia”, etc e tal. Enquanto isso, as nossas rotinas são um prato cheio para psicólogos, psiquiatras, terapeutas e outros profissionais do gênero. Quem é cinéfilo como eu continua a dizer: “tudo bem, tudo bem, tudo bem” (O recepcionista – In NetFlix). Haja Rivotril.

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