Desde 2021, o Rio Grande do Sul vem sendo atingido por uma estiagem histórica que acumulou prejuízos nos setores agrícolas. De acordo com informações da Defesa Civil, no mês de fevereiro, 414 municípios gaúchos decretaram situação de emergência em decorrência da falta de chuvas, representando 83,2% de todas as cidades do Estado.
Em Júlio de Castilhos, o último relatório emitido pela Emater registrou mais de R$889 milhões em perdas no setor leiteiro, milho grão, milho silagem e soja sequeiro. As últimas semanas, no entanto, trouxeram um volume considerável de precipitações para a região e para o Estado, o que traz a esperança de amenizar o que for possível dos efeitos da estiagem.
Chefe do escritório municipal da Emater de Júlio de Castilhos, o técnico agrícola Mateus Gomes, explicou que no período entre setembro de 2021 até o final de janeiro de 2022, apenas 70mm de chuvas foram registrados. No entanto, desde o início do mês de fevereiro até os primeiros dias de abril já foram registrados 310mm. “É uma diferença muito grande” diz Mateus.
O técnico explicou que, ainda que as chuvas tragam expectativas de melhora, não foi possível obter uma recuperação em algumas culturas.
“Para o milho e para a soja, a chuva das últimas semanas não ajudou. Adiantou um pouco para algumas lavouras de final de ciclo, porém, como os dias já ficaram mais curtos, a variedade não consegue mais produzir o que poderia” explicou. O volume das precipitações gera preocupação também por estarmos no período de colheita de soja. Se chove muito, o excesso de umidade pode estragar os grãos e o produtor pode perder o pouco que restou da cultura, ficando sem condições para a colheita.
Ainda com algumas dificuldades, o retorno das chuvas trouxe alívio para algumas áreas da agricultura.
“Para a pastagem adiantou muito, dando condições para os produtores plantarem nas lavouras de inverno. Os produtores de leite precisavam de uma melhora na pastagem e também os produtores de milho, utilizado para forrageiro” explicou Mateus.
O volume expressivo de chuvas trouxe mudanças também para o nível de água dos rios e açudes da região. A melhora foi lenta para ser observada, pois o solo estava seco e fragilizado e não conseguia armazenar água. Mas nos últimos dias, os níveis de água começaram a se encaminhar para uma normalidade.
De acordo com uma pesquisa da GZH, o Balanço da Sala de Situação da Secretaria de Meio Ambiente e Infraestrutura (Sema) do governo gaúcho registra 11 dos 16 rios do Estado com elevação do nível de água nessa terça-feira (5), em comparação com a última semana.
Na projeção para os meses de abril, maio e junho deste ano no último Boletim do Conselho Permanente de Agrometeorologia Aplicada do Estado do Rio Grande do Sul (Copaaergs), a estiagem começa a diminuir neste outono e as chuvas estão com prognósticos próximos da normalidade. Segundo a Agrometeorologista e coordenadora do Copaaergs, Loana Cardoso, a situação representa um momento de armazenamento de água no solo e um início de recuperação dos rios.