O André Desire é um cara sensacional. Não canso de elogiar ele. Foi uma das minhas inspirações na introdução ao vegetarianismo. – Lembra quando falei que conheci ele no meio de um churrasco, chegando com seu carro, abrindo o porta-malas, tirando o espeto, espetando os legumes e colocando lado da carne na churrasqueira? Aquela atitude me inspirou e nunca sairá da minha memória. Logo completo um ano sem comer carne vermelha.
Tenho namorada vegetariana, assim como minha mãe, minha irmã e meu filho (esse último por consequência de não ter carne em casa), mas foi uma atitude que me inspirou, mais que a convivência, a informação de uma vida ou qualquer militância.
Mas tem um cara que me inspira mais que o André, que é o Firmino Costa. Cidadão castilhense por imposição da lei, fotógrafo premiado internacionalmente, historiador autodidata, escritor da melhor coluna desse jornal, tenho certeza que todos concordam. Mas isso ainda é muito pouco pra discorrer a trajetória desse dentista que se transformou no maior nome cultural de um município da importância histórica que tem Júlio de Castilhos.
Pego carona na sua relevância, pois ouvi, por aí, que se eu fosse bom, não estaria em Júlio de Castilhos. Apesar dos 33 anos que carrego e da pressa que o mundo tem em nos ver milionários, vou me arriscar em discordar.
Não que eu seja muito bom, isso é perfeitamente discutível. Ainda mais quando você chega em um local que não está acostumado com o seu “estilo”. Tudo que sei, sobre mim, como profissional, é que sou muito, mas muito dedicado. A única certeza que tenho sobre o meu trabalho, é que estudo o máximo que consigo. Que se não faço mais, é porque, hoje, tenho obrigações como pai e, nesse ponto, o qual mexe muito comigo, sei que preciso ser melhor que o exemplo que tive.
Nesse campo de dedicação, apesar do pouco tempo que me resta para o lazer, meu lazer acaba sendo o trabalho, onde tive – e que bom que tive – de ler “Terra de Vila Rica”, de Firmino Costa. Primeiro li a primeira edição, lançada em 1991, ano do centenário, para compreender o contexto que estou inserido e me preparar para os 130 anos de Júlio de Castilhos, o qual fui coordenador geral do evento que durou um mês. Depois, li a segunda edição, lançada na Feira do Livro, a qual fui presidente. Ambas as edições, uma leitura prazerosa do início ao fim.
O estilo contador de histórias, preocupado em entreter, me encanta. Não que o livro tenha pouca informação relevante, pelo contrário, é o documento mais completo da história desse município. E isso é o mais encantador.
Firmino Costa teve, em Júlio de Castilhos, a oportunidade de se mostrar historiador e escritor, mais que em seu município natal, que é Erechim. Chegou em Júlio de Castilhos com a mesma idade que eu. E como alguém vai olhar a sua história e dizer que ele não é bom? Ele é, no mínimo, ótimo.
Também acho que é fácil me olhar e dizer que sou ruim. Não provei nada ainda, para ninguém. O que fiz de relevante? Uns trabalhos vitoriosos em campanhas políticas, escrevi e dirigi um documentário, uma que outra empresa lucrou com as minhas copys… Ganhei dinheiro, fali, ganhei dinheiro de novo e falhei mais uma vez. Enfim, discutível.
Só discordo que não posso ser bom em Júlio de Castilhos.
Claro que ser uma pequena parte do que representa esse ícone, já seria suficiente para a minha existência, mas ainda tenho 60 anos para chegar aos 92 de Firmino Costa e muito me orgulharia ser como ele.