Júlio de Castilhos
quarta-feira

22 de janeiro de 2025

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A palavra hipócrita tem a sua origem no grego e designava, a princípio, apenas um ator, um comediante, sem as conotações intensamente negativas e pejorativas – de falsidade, dissimulação, fingimento – que hoje estão associadas a ela. Ou melhor: o fingimento estava lá, mas era exercido em nome de uma causa nobre, a de entreter o público.

Entretanto o significado atual de hipocrisia remete, justamente, a capacidade de falsear a verdade, mentir, fingir, dissimular e outros tantos sinônimos degenerativos. Porém a hipocrisia faz parte de nós. Humanos são hipócritas por natureza, pois ela é por vezes até necessária para mantermos relações, amizades, situações sociais.

Quem nunca “curtiu” ou publicou um “LINDO!!” quando naturalmente, objetivamente e racionalmente pensava o contrário.

Mas deixemos essa polêmica de lado. Entro em outra seara talvez mais polêmica, e por vezes mais sensível: A questão da hipocrisia pura. Sem desmerecer que a humanidade possa ter inúmeros formatos, tendências ou escolhas, ainda sou cartesiano.

Mas vamos lá! Como disse, polemizando ao mínimo, um dos filmes mais lindos aos quais assisti é “Inimigo meu”, ficção científica que trata do hermafroditismo. Não achei nada de “anormal” um ser poder ter funções reprodutivas masculinas e femininas ao mesmo tempo, até porque o pai do Nemo nasceu pai e virou mãe, sem problema algum. Muitos pais humanos (masculinos e héteros) diante das circunstâncias viram mães sociais. E o contrário também é válido e numeroso.

Também amei filmes que tratavam de amor entre seres humanos (independente do sexo). Então não sou e não me considero homofóbico, muito menos preconceituoso. Mas a hipocrisia repousa no fato de que em nome do politicamente correto muitas pessoas são acusadas de ofender seu semelhante em razão da questão sexual, de sua aparência ou de suas escolhas. Concordo que deva haver essa vigilância a fim de evitar o exagero, a galhofa, a humilhação.

Mas o que o leitor diria dos programas humorísticos que esculacham, escracham e espinafram a diversidade? É assim em alguns programas da tv. Neles, gordos, feios, gays, pobres, garotas de programa, nerds e velhos são apedrejados feito Geni. E as ditas organizações que zelam e protegem essas pessoas? Calam-se! Tenho uma teoria acerca disso: Como os atores que interpretam esses personagens são, eles mesmos, obesos, homossexuais, fora dos padrões de beleza contemporâneos, a piada de si próprio é aceita (engolida feito bravata do Zagalo).

Por analogia, é eu fazer zombaria com a minha altura e julgar escárnio ser chamado de baixinho pelos outros (como diriam alguns, sou prejudicado verticalmente).

Mas como dito anteriormente, a hipocrisia nos cerca e acoberta. Chamar um negro de negro pode ser ofensa, mas ele adotar o nome ou apelido de negro ou negão é um direito.

Quanta hipocrisia! Enquanto isso o ator do humorístico faz sucesso em sua interpretação com o bordão: “VIAAAAAAAAAAAAADO!” Imaginem se alguém falasse isso dele. Menos. Menos. Menos…. intolerância!

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