Na madrugada desse sábado (11), um fiscal da Prefeitura de Salto do Jacuí – RS sofreu agressão ao tentar encerrar uma festa clandestina que acontecia na propriedade de um militar do município.
Já na noite de sexta-feira (10), a fiscalização recebia denúncias da população, alertando sobre a festa clandestina. Ao ser solicitada pela Fiscalização Municipal de combate ao Covid-19 de Salto do Jacuí, a Brigada Militar se dirigiu para atender a ocorrência. No momento em que a fiscalização solicitou a presença do proprietário do local onde acontecia a festa, o responsável se tratava do 1º Tenente, Luciano da Silva Julião.
Ao ser questionado e conduzido a encerrar a reunião, por se tratar de uma aglomeração em desacordo às medidas de segurança na pandemia, o proprietário exaltou-se com o fiscal, fazendo ameaças e agredindo, sendo contido pelos Policiais Militares que acompanhavam a fiscalização. Nas redes sociais, circularam vídeos do momento em que o 1º Tenente dirige palavras de ameaças ao fiscal.
Em um trecho divulgado pelo G1, o fiscal relata como se deram as agressões.
“Momento esse em que eu começo a fazer o relatório, fazer o meu trabalho, ele se aproxima de mim e começa a me insultar, ameaçar, dizer palavrões e me amedrontar. Eu pergunto se ele está me ameaçando e ele diz que sim, que está ameaçando e me dá uma cabeçada. Aí, eu saio e ele tenta investir de novo contra mim e a Brigada Militar acaba contendo ele”, explicou o agende de fiscalização Ressoli de Matos Filho.
Segundo o fiscal, em entrevista para o Bom Dia Rio Grande, o militar seguiu insistindo nas agressões até que os policiais pediram para que o fiscal se retirasse, evitando maior conflito. Dois profissionais que atuam na fiscalização em Salto do Jacuí pediram demissão do cargo, alegando estarem se sentindo ameaçados.
Foi estimado pela fiscalização que no local havia mais de 200 pessoas na festa, causando aglomeração e agindo de forma contrária às medidas de combate à pandemia impostas pelo município e pelo Estado do Rio Grande do Sul. A fiscalização registrou a multa pela realização da festa clandestina e a desobediência ao decreto municipal vigente.
Segundo a 2ª Companhia do 16º Batalhão de Polícia Militar de Cruz Alta, a qual é responsável pelo comando da guarnição da Brigada Militar em Salto do Jacuí, Julião foi afastado enquanto é aberta a investigação para a apuração dos fatos e a responsabilidade do tenente. No momento da abordagem, a festa foi encerrada e o responsável foi multado no valor de R$75 mil.
Em nota divulgada pelo comando da Brigada Militar, é frisado que “a Brigada Militar ressalta que não compactua com desvios de conduta por parte de seus integrantes e que tal comportamento não condiz com o padrão estabelecido na Legislação e normas que norteiam o agir da Corporação e de seus Policiais Militares”.
De acordo com a BM, já está instaurado o devido inquérito Policial Militar (IPM), e a apuração do caso deve ocorrer legalmente no prazo de 40 a 60 dias, sendo informada pela Brigada Militar a conclusão da investigação.