A passagem do tempo para nós humanos traz uma série de inconvenientes, porém, também traz enormes benefícios. Quando se tem vivido quase seis décadas, o filme da vida vem passando desde 1961 e muitas coisas, à mercê da observação e da percepção, constituem um mosaico quase delicioso de um tempo. Mas a leitura também ajuda. E nesta sopa de informação, conhecimento, vida e sentimento temos muito a oferecer. Assim, remeto aos nossos PETs.
Mesmo quem não se dê ao trabalho de buscar o conceito, ele está ali: PET é sinônimo de animal de estimação. E, verdadeiramente, PET é um conceito medieval que traduz o animal domesticado, aquele cuja convivência com o humano é tranquila, na boa!
Revirando registros históricos vemos que vários animais foram domesticados para nosso deleite e satisfação (vide vacuns, caprinos, muares, aves e equinos, entre outros). Mas entre hieróglifos, glifos, códices e runas, eles sempre estão lá. É claro que houve tentativas infrutíferas de domesticar cobras, leões, tigres, falcões e outros animais. Na verdade, eles serviam mais como objetos de adorno, adoração ou ostentação. O fato é que alguns se adaptaram mais (ou se sujeitaram mais ao ritmo e contingência humana).
Os felinos (em particular o gato) tinha como função precípua o extermínio de roedores, por isso a predileção por ter um gatinho em casa (sabendo-se que entre os roedores o rato é vetor de transmissão de muitas patologias mortais aos humanos).
E o que dizer de um canídeo dócil: o cachorro. Zela pela propriedade (antes do João da Terra); cuida do indivíduo (antes da Declaração dos direitos humanos) e provêm segurança (antes dos sistemas de segurança digitais).
Tanto gato como cachorro foram os animais que mais se adequaram ao progresso material da vida humana (Embora hoje encontremos tartarugas, iguanas, papagaios, hamster, coelhos, etc, como animais de estimação).
Em tempos atuais, e dignos dos avanços tecnológicos, eles estão mais para seres de companhia e de projeção do que propriamente animais que tem utilidade no cotidiano.
Vejam: Gatos não precisam mais caçar ratos ou outros animais que nos ameaçam. Cachorros não precisam mais afastar predadores de humanos. Eles, por assim dizer, trocaram de “papel”. E qual seria esse papel? Acima de tudo uma companhia em um mundo em que humanos não toleram humanos, mas que têm no PET uma parceria incondicional, compreensiva, tolerante, amorosa. Se você se ausenta o dia todo, sem razão, motivo ou desculpa, seu PET o recebe com todo o amor que você gostaria de ter ao chegar em casa ao final do dia, cansado e estressado. A independência e a liberdade de seu bichano, associada com sua personalidade marcante de um ser que adora carinho e que não teme desprezá-lo em sua languidez, é apaixonante. A submissão e a capacidade de adotar a rotina humana dos cães é algo quase que inteligível do nosso ponto de vista.
Mas convenhamos, ter um PET é quase uma cultura contemporânea. Inadmissível, pois, é o mau trato para com essas criaturas. Mas para quem curtiu um Rin Tin Tin, um Bandit, um Floquinho, uma Lassie, um Garfield, uma Hello Kit, um Pluto, um Mingau, um Sooby Doo, um Felix, um Snoopy, um Manda Chuva, um Bidu, um Mutley, dentre muitos, sabe muito bem que o significado de PET vai além de um animal de estimação. O Doki e a Polly (meus PET’s) sabem disso, embora não manifestem oralmente. Eles são um conceito novo em um novo tempo.