Júlio de Castilhos
quarta-feira

22 de janeiro de 2025

Search
Close this search box.

Costumo desenvolver meu raciocínio a partir de conceitos já formulados. Desta forma, busquei o conceito de inteligência. Segundo o Aurélio é a faculdade de conhecer, compreender e aprender. Mas também é a capacidade de resolver novos problemas e conflitos e de adaptar-se a novas situações. Também pode ser lógica, abstração, memorização, compreensão, autoconhecimento, comunicação, aprendizado, controle emocional, planejamento e resolução de problemas.

Assim, sem ser determinista, creio que não se nasce inteligente, embora tenhamos a tendência de ser mais inteligentes em determinados campos do conhecimento na chamada inteligência inata (Há inteligência emocional, linguística, lógico-matemático, intrapessoal, interpessoal, corporal-sinestésico, espacial e musical e assim por diante segundo Howard Gardner). Mas sobretudo aprendemos a ser inteligente. Há pessoas que são mais perspicazes e aproveitam a sua inteligência inata para se aperfeiçoar e melhorar. Outras não conseguem perceber e continuam na mesma. Há aqueles que aprendem mais rápido, outros nem tanto. Tudo dentro do normal, afinal aprendizagem dá conta de gosto pessoal, iniciativa, perseverança.

De maneira geral aprendemos a ser inteligentes. As situações e problemas da vida se apresentam e vamos, mediante as aprendizagens e as ferramentas naturais, nos adaptando e construindo as soluções, ou não.

Quero dizer com isso que não existem gênios naturais, ou seja, nascidos gênios, mas apenas que são gênios a partir de suas aprendizagens. São seres que tinham uma predisposição e que se empenharam e se esforçaram para capacitar, ainda mais, suas habilidades e potencialidades. É claro que isso é uma tese. Carece de confirmação científica. Porém como isso é um artigo de opinião posso arriscar que os luminares da humanidade foram seres que para além de suas habilidades naturais foram pessoas que souberam captar a sua realidade e a partir dela de se refazerem e de criar novas possibilidades. Biólogos, antropólogos, cientistas sociais e outros profissionais melhor capacitados podem discordar, naturalmente.

Neste sentido a genialidade, ou simplesmente a inteligência, também pode ser forjada a partir da experiência acumulada (e não é necessário viver muito, mas apenas intensamente). Se uma pessoa sabe aproveitar o seu tempo de vida e aprender muito, também se tornará inteligente. Não à toa que há a relação simples de que os mais velhos são mais sapientes (senão inteligentes). À mercê do tempo decorrido hão de se tornar inteligentes porque não se permitirão a cometer os mesmos erros anteriores ou de que terão soluções simples para questões complexas.

Humberto Maturana, neurobiólogo chileno, crítico do realismo matemático e criador da teoria da autopoiese e da biologia do conhecer é um dos propositores do pensamento sistêmico e do construtivismo radical. Traduzindo: Ele disse que os seres vivos são capazes de se produzirem a si próprios. Ou seja, de evoluir individualmente, como dizia o eterno Darwin.

Mas o que é a inteligência senão a capacidade de se refazer e de criar um ambiente favorável ante a dificuldade? Se um empecilho ou uma limitação é imposta o jeito é criar um novo caminho, uma alternativa ou uma solução, isso é inteligência. Quando alguém com poucos recursos financeiros consegue levar comida para sua prole, isso é inteligência! Quando alguém consegue solucionar uma crise financeira, isso é inteligência! Quando alguém consegue resolver uma pendenga familiar, isso é inteligência!

A inteligência é algo peculiar, rara e condizente à nossa condição humana. Basta aceitá-la e saber como melhor desenvolvê-la. Não é fardo e não é herança: é construção.

Facebook
Twitter
Email
WhatsApp
JÚLIO DE CASTILHOS Previsão do tempo

Últimas notícias