Sempre ouvimos a expressão “Ano novo, vida nova”. Será mesmo? É muito comum ouvirmos colocações desse tipo nessa época de virada de ano. Elas são postas na tentativa de expressar a ideia de que o ano novo traz consigo o recomeçar, mas em verdade não é exatamente assim que acontece.
Não dá necessariamente para ser vida nova, porque diferente dos joguinhos de vídeo game, ou de alguns aparelhos eletrônicos que possuem a função que permite reiniciá-los ou dos computadores que trazem a possibilidade de serem formatados, na vida real não conseguimos resetar. O que você vive em cada um dos seus dias vai deixando marcas na sua vida, essas que servem como base, tijolinhos e cimento no processo de formação de quem é você.
Esses dois últimos anos, marcados por uma pandemia assustadora, deixaram claro que o modelo de sociedade em que vivemos, o neoliberal, é altamente adoecedor.
A solidariedade de classe, na qual o povo se organiza para cuidar dos seus, tem sido tão essencial nesses dois últimos anos. Ela ajudou a salvar e proteger a vida, nosso bem mais valioso. Em 2022, a solidariedade seguirá sendo uma importante ferramenta de organização e mobilização social.
Assim como cada vez mais se faz importante inserir práticas de autocuidado no nosso dia a dia, sejam exercícios físicos, seja tentando se alimentar de maneira saudável, seja indo atrás de atendimento psicológico. Cuidem-se, pois só assim podemos colaborar com a solidariedade para o cuidado coletivo tão necessário.
É também tempo de projetar o que faremos conjuntamente, como sociedade, o que queremos como nação, já que é ano eleitoral.
Em 2022 comemoraremos o bicentenário da data em que Dom Pedro I, às margens plácidas do Ipiranga, proclamou a Independência do Brasil.
Mesmo em momentos de extrema dificuldade, o Brasil tem conseguido demonstrar sua força e resiliência. A magnitude dos desafios enfrentados nos últimos dois anos foi gigantesca.
Antes de tudo, o Brasil precisa combater a fome e a miséria que voltaram a se alastrar, desfazendo décadas de avanços nos indicadores sociais. Será preciso resgatar as políticas de assistência social bem-sucedidas e retomar nossa trajetória exitosa na educação.
Mais que isso, o Brasil precisará consolidar uma agenda mínima de mudanças que nos permita crescer e gerar empregos com equidade. Não bastará corrigir os inúmeros erros da atual administração, em especial os estragos na proteção ambiental, na área fiscal ou na educação.
Precisaremos ir além, fazendo deslanchar a agenda de reformas sempre adiada, é preciso promover uma ampla reforma administrativa para aumentar a capacidade de gestão e melhorar a qualidade dos serviços públicos. Que em 2022 possamos seguir caminhando, mas numa caminhada de crescimento, amadurecimento e evolução, seja na nossa vida particular e mais pessoal, seja no âmbito da nossa existência coletiva, política e cidadão, em ambas as dimensões, é o que devemos buscar, ampliar nossas consciências para cada vez melhor vivermos. Vamos que vamos!