No agitado mar da política, calmaria é quase uma raridade. E quando as eleições se aproximam, esqueçam a bonança. O pleito de outubro promete, a rigor, muita agitação e, para variar, algumas reviravoltas que lembram as vagas marinhas.
Em âmbito federal o dualismo já está dado: Bolsonaro e Lula travam um embate que colocará, mais uma vez, o populismo em choque. Se de um lado há um candidato tosco, ruim de palavras e polêmico em suas falas e convicções, de outro há uma velha raposa que também vem se atrapalhando com as palavras e sob os ombros muitas condenações judiciais. Mas como memória sobre políticos é tão fugaz como a velocidade da luz, muitos eleitores vão esquecer o passado e voltar a confiar seu voto.
Nos tsunamis politiqueiros tem “Picolé de Chuchu” se contradizendo e, absurdamente, se colocando como vice da chapa vermelha. No outro lado se reafirma a chapa verde-amarela com velhos bordões de pátria, família e conservadorismo. Creio que a despeito da terceira via, que não fez marola até agora, será o surrado antagonismo esquerda-direita, nós e eles, certo e errado, sem levar em conta as reais necessidades e carências do nosso povo.
A propósito, a chapa arco-íris (sem nenhuma intenção pejorativa) não conseguiu sequer se unir em torno de um nome: Tem Ciro, tem Dória, tem Simone Tebet, tem Eduardo Leite. Ainda tem os desconhecidos André Janones, Felipe D’ávila, Leonardo Péricles, Vera Lúcia e o velho Eymael.
Enquanto as embarcações não se aprumam a guerra de bugios continua: Viagra para cá, aborto para lá. E o eleitor à deriva.
No cenário estadual vários candidatos, com chances parecidas e com a sempre possibilidade de o eleitor gaúcho surpreender, tem-se: Eduardo Leite que segue na briga com Dória mas pode se candidatar, Beto Albuquerque, Edegar Pretto, Gabriel Souza, Luiz Carlos Heinze, Onyx Lorenzoni e Pedro Ruas, além daqueles
que nunca fazem mais do que 2 a 3% mas que estão lá para negociar apoio e cargos no segundo turno. Ou seja, mais do mesmo, sem exceção.
Por enquanto não tem como dizer onde cada um vai atracar. Sequer é inteligente dizer quem vai ganhar. No entanto, ao contrário do que dizem as pesquisas para a presidência, a candidatura Bolsonarista parece mais sólida e convicta de suas ideias. Isso pode repercutir na formação das câmaras federais e estaduais. No estado a incógnita é ainda maior, se bem que a novidade desejada pelos gaúchos na última eleição foi frustrada de modo que poderemos ter, depois de muito tempo, um governador alinhado com o governo federal, seja de um lado ou de outro.
Resta a expectativa de que até a confirmação das candidaturas e o início da propaganda eleitoral tenhamos mais calmarias e que as propostas sejam melhores que as ofensas e as brigas ideológicas. Se o tempo é de prudência, sigamos com Paulinho da Viola: “Faça como o velho marinheiro, que durante o nevoeiro, leva o barco devagar.”