1942 – O Brasil vivia, naquele tempo, o tempo da IIª Guerra Mundial. Uma carência terrível de gasolina e óleo. Quase não havia mais. Foi aí que surgiu na cidade, mais uma vez, um salvador da pátria. Digo mais uma vez para vocês darem o devido a valor a essa extraordinária pessoa, inteligente, inventiva, e de alta expressão humana e social; que não nasceu aqui, mas em Guarani das Missões, mas passou toda a vida por aqui e prestou relevantes serviços a nossa comunidade. Esse salvador da Pátria foi o meu grande amigo Lourencito Gomes, pai da Maria Bonumá, do Waldemar Gomes, da Ignez do Sílvio e do escultor Luiz Gonzaga Gomes. Vejam o que ele fez:
1932 — Deu uma mão enorme ao tio dele, o Seu Tidinho Gomes que foi o prefeito que começou o abastecimento d´água na Vila, uma de suas principais obras (que foram muitas). Seu Tidinho contratou uma firma para tanto. Ela construiu a primeira caixa d’água, aquela da Água Potável do recinto da Prefeitura. E nada de começarem a levar a água pras casas. Ele despediu os caras e chamou o Seu Lourencito. Em, apenas, 90 dias ele implantou a rede de encanamento da Vila!
1940 — Naquele tempo, a Usina Municipal fornecia a luz só à noite e à meia noite apagava tudo. Aí, Seu Tidinho colocou o Seu Lourencito de Diretor. Ele conseguiu que a luz ficasse acesa toda a noite. E, além disso, mantinha a energia elétrica por 3 horas de manhã e 3 horas de tarde! Mas voltemos ao 1942:
1942 (ou arredores dele). Quando escasseou a gasolina e o óleo por causa da Guerra, o Seu Lourencito foi ao Rio estudar e fazer observação técnica dos primeiros gasogênios que surgiam. Acabou criando um próprio protótipo, superior aos similares existentes, aproveitando o carvão vegetal como fonte geradora de força.
Estabeleceu aqui em Júlio a sua FÁBRICA DE GASOGÊNIO GOMES. Na foto acima * ele aparece entre a sua esposa * Helda, irmã do Seu Milo e *sua irmã Eloah Fonseca que veio de Cruz Alta para o grande dia. * Atrás, aparece o Seu Mário Gomes da Dona Ondina, irmão dele. E , como já existia naquele tempo o piolho, aí está o *, menino Aparício Correa de Barros que não tinha nada a ver com a coisa. Está, só como papagaio de pirata, metido como piolho em costura, para aparecer na foto tirada antes da inauguração.
Essa outra foto marca a inauguração da primeira Fábrica de Gasogênio Gomes. Para ter-se uma ideia do que este ato representou para a época, basta citar algumas das autoridades presentes à inauguração: * Cortando a fita, aparece o poeta quevedense Aureliano de Figueiredo Pinto, representando o Interventor Federal do Estado. Vieram mais, o Ministro da Agricultura Apolônio Salles, O Secretário das Obras Públicas, o da Fazenda, o Dr. Desidério Finamor, Diretor Geral da Secretaria de Agricultura e o Dr. Vicente Dutra Presidente da Caixa Econômica Federal. E, entre as autoridades municipais: o então Prefeito Aristides Gomes e os prefeitos de Tupanciretã, de Soledade, de Santa Maria, de Santiago, de Soledade e de Passo Fundo. Tenho em meu acervo, doado por seu Lourencito, um telegrama do Palácio do Catete agradecendo o comunicado da inauguração
A fabrica inicial produzia 5 unidades por dia e era vendida por 4 mil cruzeiros. Os aparelhos, mesmo baseados em tipos já existentes, mantinham dispositivos inventados pelo Seu Lourencito, como o arranque do motor em 5 segundos, sem desperdício de gasolina e um filtro especial que durava 2000km sem precisar de limpeza. Na nossa Usina Municipal ele conseguiu que um compressor fosse acionado por um motor de automóvel, a gasogênio (gás pobre). Ele gastava 20 sacos de carvão e 4 litros de óleo por dia, trabalhando perfeitamente dia e noite.
* Olhem aí, nessa outra foto, a pinta desse orgulhoso servidor pousando ao lado de um gasogênio instalado em um caminhão da Prefeitura. Não sei quem é.
A indústria ia a franco progresso, tanto que o Seu Lourencito que começou com uma única montagem, para dar conta dos pedidos foi obrigado a instalar mais cinco montagens e outra fábrica em Porto Alegre, onde até as corridas de automóvel era só a gasogênio.
A indústria começou a ressentir-se da falta de chapas de ferro. Quando, afinal, foi efetuada a compra de uma grande partida do caríssimo material, a guerra acabou e a gasolina reapareceu. Mas os insuperáveis produtos da indústria castilhense, criado pelo genial técnico Lourenço d´Almeida Gomes conduziram a nossa riqueza por todo o sul do país, durante vários anos.