Júlio de Castilhos
quarta-feira

22 de janeiro de 2025

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Naquele tempo | Algumas casas antigas da Vila

Quando não se tem pessoas, temos que apelar para as casas que existiam naquele tempo. Essa aí, da flechinha, é parte do que foi o Theatro Municipal de Vila Rica. Em 1930, havia o Cinema Odeon, instalado no Teatro Municipal. Nessa época o cinema ainda era mudo. A música que acompanhava a projeção vinha de um gramofone de pé, com ótima coleção de discos, os bolachões de carnaúba. As músicas eram escolhidas de acordo com as cenas: valsas, marchas, musica clássica, etc.

O “Theatro Municipal” foi uma iniciativa do Intendente Álvaro Hippolyto Pinto, que foi o Prefeito de Júlio por duas vezes: 1909 a 12 e 1921 a 1924.

Em 1912, ele adquiriu do casal Dr. José Alves Valença, um médico, um ótimo terreno. O projeto foi feito pelo Eng° Kurt Vincent Daberkow, um alemão que morava em Santa Maria e por lá tirou sua própria vida. Foi ele que projetou a Fonte Pública e o primeiro prédio do Clube Félix da Cunha. O construtor do prédio foi um cara de Bagé.

Ele tinha a frente de alvenaria, as paredes laterais e internas de madeira e o telhado de folhas de zinco e comportava 168 lugares, foi festivamente inaugurado em 31 de dezembro de 1912. Estavam presentes o Gen. Firmino Paula e Silva, mais conhecido e famoso como Firmino de Paula, chefe republicano da região serrana nascido em Val de Serra, o Promotor Público e o Delegado de Polícia de Cruz Alta. O orador oficial foi o avô da Berenice, o Seu Lourival Hausen um grande incentivador e Diretor do teatro de amadores naquele tempo.

Em 1919, eram anunciadas importantes reformas: “Será extinto o antigo Buffet, que ocupava pequeno compartimento na frente do edifício, ficando as entradas mais espaçosas. Os camarotes, em número de 12, terão disposições mais convenientes e receberão cobertura de belbutina (espécie de veludo) nos peitoris. O interior do teatro será embelezado com pinturas e decorações novas”. Estavam sendo esperados “confortáveis mobiliários” que naquele tempo eram de cadeiras coloniais.

Para inaugurar os melhoramentos, o teatro, recebeu, em janeiro de 1920, a Cia. Ribeiro Cancella que levou a peça “Vinte e um na zona”, despertando o entusiasmo nos amadores da Vila.  Todos os espetáculos de teatro amador eram ali realizados. Abrigou vários cinemas e recebeu várias companhias nacionais de teatro e operetas, além de violinistas, pianistas, cantores, mágicos e conferencistas.

Após um quarto de século a serviço da cultura castilhense, o velho “Theatro” estava em péssimo estado, não oferecendo “as necessárias garantias e comodidades ao público”. Como a municipalidade não tinha condições de recuperá-lo ou construir um novo prédio resolveu fazer doação do teatro e respectivo terreno, avaliados em 14 contos de réis, a quem se propusesse construir um edifício destinado a cine-teatro “com todos os requisitos da técnica moderna”. Também o isentaria de impostos por dez anos. Havia, no entanto, uma cláusula de “não destinar o imóvel para fim diverso do estipulado na doação”.  E o precioso patrimônio foi doado ao Seu Miguel Waihrich  que mandou construir o antigo cinema, o Cine Teatro Palácio.

Vamos lá pra cima, para a grande fotografia: Aquela casa, depois do Teatro, onde hoje está o Edifício Dr. Elpídio Bañolas, era de um pessoal de Bagé, dos Suñe. Eles tinham, há priscas eras, uma casa de comércio na esquina do Seu Venuto, hoje estacionamento do Supermercado do gringo Evaldo e do Mário. Foi o meu amigo e construtor, Reinhard, que demoliu esse prédio. E guardou uma cara de cerâmica para o meu museu. Essa peça já está no Museu Vila Rica.

A outra casa é a da antiga Intendência, já tombada pelo Município. Onde teve, antes de 1891, a que foi a primeira venda ou casa de negócio de Júlio de Castilhos. É provavelmente a casa mais antiga da cidade. Teria sido construída em 1874. Sim, uns 17 anos antes da instalação do Município de Vila Rica, por Francisco de Abreu Valle Machado. Quando ele foi de muda para Santa Maria, vendeu a casa para o italiano Antônio Carbone que morreu em 1891. Sabem o que sobrou para o inventário do Carbone?: Casacos para homens, calças, gaitas, saias de tergal, agulhas, pentes, botões, linhas em carretel, estolas, leques, cigarreiras, carteiras, isqueiros, pós de arroz, rascadeiras, facões, foices, afiadores, pacotes de tintas, ferro de pua, grosas, facas de cabo de pau, argolas de metal, anzóis, açucareiros, bacias, garrafas de laranjinha, espírito de vinho, Xarope de Tajujá, vidros de bálsamos, aspirinas (analgésicos) e tubos de lampião. Espírito de vinho era como era chamado o álcool. Quando eu tinha 12 anos minha avó me mandava: Vai comprar espírito aí na venda. No nosso Museu existem espiriteiras, como eram chamadas os pequenos fogareirinhos a álcool.

Do outro lado da rua aparece aquele magnífico conjunto de arquitetura de estilo eclético do Seu Chico Onófrio. Onde teve a Agência do Banco da Província, a primeira casa de crédito da cidade. Essa casa, pra mim, deve ser de 1892. Ali funcionou a “Casa Comercial” do Seu Chico Onófrio que foi fundada em julho de 1904. Será que vão deixar demolir esse patrimônio artístico da cidade? Confio no COMPHAC: Conselho Municipal do Patrimônio Histórico e Artístico…

Na outra esquina, aparece a antiga Casa Canônica construída em 1907. Notem que as janelinhas no sótão eram habitadas. Nessa casa era impresso o jornal Alliança. E, antes da Matriz em construção, aparece o velho coqueiro da praça sobre a calçada.

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