Júlio de Castilhos
quarta-feira

22 de janeiro de 2025

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Quando eu e o Cadico conseguimos emprego no Candeas, foi nos dito que começaríamos no dia seguinte, às 18 horas. Muita coisa aconteceria até lá.

Chegamos no terminal de Canas e um cara muito estranho puxou papo. Ele tava de veras feliz e empolgado, meio isolado, difícil de explicar. Tipos aqueles nerds encolhidos, mochila, fones e muita espinha. Acontece que eu, no meu jeito despojado, mexi com ele. E como resposta veio o motivo da felicidade. – Ganhei 3 ingressos para a Creamfiels na rádio.

Você já sabe o que aconteceu, certo? Ele nos convidou e nós aceitamos. Naquela época não existia WhatsApp e não havia comunicação direta. O mais próximo da revolução digital era o MSN, que só era possível acessar em um computador, que nós não tínhamos. Tudo isso foi para justificar que ele nos deu os ingressos e só vimos ele de longe na festa (e ele não nos viu).

Chegamos na Kitnet com aqueles ingressos sem saber ao certo se deveríamos ir. O cara era muito estranho. Mas claro que o calor e a euforia de estar em Floripa foi mais forte. Pegamos R$80 para os 2 gastarem e fomos. Dois ônibus até um lugar remoto, entre as praias de Daniela e Joaquina.

Acontece que chegando perto da festa, o movimento foi aumentando e fomos entendendo que, talvez, não fosse uma simples festa. Quando os projetores surgiram nos céus, e os quilômetros de carro apareceram, nós tivemos que perguntar e descobrimos que estávamos chegando em um dos maiores festivais de música eletrônica do mundo na época.

Eu nunca tinha ido em uma festa de música eletrônica na vida, quanto mais em um festival. Era absurdamente gigante! Por baixo, tinham mais de 20 mil pessoas lá. Era como num estádio de futebol e os DJs tocaram em um elevador que subia uns 40 metros. Realmente pirotécnico.

Empolgados como deveríamos estar, começamos a entender que estávamos um tanto despreparados para a situação. A começar pelos R$80 para duas pessoas, quando uma lata de skol de 250ml (Acho que nem existe mais desse tamanho) custava R$7.

O Cadico teve a ideia de comprarmos uma água energética especial. Ela custava R$50 e ainda nos sobraria para o lanche e a passagem de volta. Essa água chamou a atenção de duas meninas, que nos fizeram companhia até o meio daquela pista gigante. Eu nunca tinha sentido aquilo na vida, uma vontade única de dançar, pular, dar risada e toda felicidade do mundo cabia dentro de mim. Foi quando percebi que estava perdido dos outros 3. Não os veria mais naquela noite.

Das poucas vezes na vida que não me importei em estar sozinho numa festa, fui indo em direção ao palco e fiz amizade com uns intercambistas. Eu amo intercambistas! Fiquei com eles até as 7 da manhã, quando a música parou e notei que era dia. O que eu não sabia era que a noite recém tinha começado.

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