Júlio de Castilhos
quarta-feira

22 de janeiro de 2025

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Já nem sei mais o porquê eu leio. Passei da fase de explicar coisas obvias e calculáveis. Só sei que leio, efusivamente, e com o gosto de um manjar. Sorvo cada palavra, cada termo, cada composição e cada ideia que se aglutina e se funde na minha mente.

Da literatura infanto-juvenil que foi o alicerce que hoje sou (Antes do baile verde, O grande mentecapto, Um Sargento de Milícia, O cortiço) até leituras esquisitas ou interessantes tipo o Evangelho segundo o espiritismo, Eram os deuses astronautas?, A bíblia tinha razão, O homem que calculava. Posso dizer, sem erro, que a leitura me fez um ser ávido, curioso, inventivo, criativo. A leitura me proporcionou conhecer muitas coisas, enriqueceu meu vocabulário e me fez gostar de escrever.

A “adultice” me trouxe coisas novas: a literatura nacional. Veio Érico Veríssimo (com o Tempo e o Vento, Solo de clarineta e Clarissa. Sendo que li toda a sua obra e é meu autor predileto), mas também veio Jorge Amado (Capitães de areia, Dona Flor e seus dois maridos, Tieta do Agreste, Gabriela Cravo e Canela), João Ubaldo, Luís Fernando Veríssimo, Clarice Lispector, Moacir Scliar. São tantos os autores que posso errar sem culpa.

Mas a leitura, na medida certa, e sem moderação, abre portas e janelas, descortina o mundo, faz florescer a mente. Lembro que em minha infância, em que os meios e possibilidades eram mais restritas, me deslocava de casa para o colégio, exclusivamente, para ir à biblioteca. Lá eu ficava por horas a ler. Devorava, a bem da verdade, páginas e páginas e de quebra ainda levava para casa mais três livros a que eu tinha direito de retirar. Terminada a leitura, reiniciava a rotina. Gostava de ler em qualquer hora e lugar. Recordo que fui chamado a atenção por diversas vezes pela minha mãe porque adorava ler enquanto fazia a refeição. Quando proibido, ficava a ler os rótulos do vidro do café, da margarina, da bolacha ou qualquer coisa ao alcance da visão. Talvez o princípio de tudo foi minha primeira professora: ela provocou a minha curiosidade quando me emprestava diversos livros.

Já com dez ou onze anos meu caminho da escola passava pela casa de uma tia que tinha mais posses e assinava um jornal (A Plateia) e minha prima que tinha infindáveis exemplares do Tio Patinhas, Pateta, Mickey Mouse e outros gibis. Depois que comecei a trabalhar comecei a adquirir livros, coleções, enciclopédias, fiz parte de clubes de livro e de leitura, colecionei publicações.

Atualmente ando um pouco mais rigoroso com as minhas leituras, sobretudo pelo fato das mídias sociais e a rede internacional de computadores terem menos critérios. É claro nem tudo foram flores. Também tentei ler alguns autores que não foram agradáveis ou que minha predileção rejeitava.

Mas enfim, o que sobrou desta vida de leitor? Uma certeza, absoluta, é a de que a leitura me transformou, me lapidou e me fez ver um mundo em sua totalidade. Se hoje arrisco uma opinião aqui é porque creio que minha capacidade argumentativa, mercê da leitura,  incita debates, controvérsias, outras opiniões, concordância, aquiescência, divergência, reflexão e muitas outras situações. E nada mais tendo, vaticino: leitura e ponto final!

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