Dentro os inúmeros e infindáveis jargões futebolísticos, “jogar para a torcida” é uma expressão que denota não exatamente um objetivo específico, um ato que determine uma vontade explícita ou que traga um resultado positivo no âmbito do placar. Jogar para a torcida é parecer aquilo que não é, ou seja, é simulação, é fazer firula.
Em determinadas situações os jogadores de futebol fazem jogadas ou tomam atitudes apenas para agradar o torcedor se esquecendo daquilo que caracteriza um esporte coletivo e de resultado. Pois no mundo da política, e pelo fato dos políticos necessitarem estar sempre sob os holofotes, jogar para a torcida é quase que uma exigência. Quem nunca ouviu que quem não é visto não é lembrado? Ocupantes do executivo e do legislativo precisam ser vistos e por conta disso vale inaugurar refinaria que não saiu do papel, vale fazer postagens em redes sociais, vale ir a enterro e batizado, e assim por diante. Não critico tal postura, mas creio que por vezes há exageros.
As chamadas CPIs (ou Comissões Parlamentares de Inquérito) via-de-regra tem servido mais para dar visibilidade a este ou aquele, esculachar um outro, mas, objetivamente, quase sempre levam a lugar nenhum. Por isso é que nos ambientes parlamentares se diz que “tudo acaba em pizza”, afinal os resultados são pífios, quase nulos. Me pergunto onde o cidadão senador Renan Calheiros quer chegar com a CPI da pandemia? Começando pelo fato que o dito é mais sujo que pau de galinheiro.
Além disso, sabe-se que muitos governadores e prefeitos (com a anuência do STF) tiveram carta branca para fazer o que bem entendessem, sem precisar seguir o governo federal, de onde saíram e saem consideráveis volumes de recursos para a pandemia. Não bastasse, há casos de desvios de recursos, superfaturamento, negligência e malversação de dinheiro público em alguns estados e municípios. Uma investigação séria e sem uma conclusão prévia já estabelecida, iria a fundo: “duela a quem duela”.
Mas as excrescências não param por aí, afinal foi o STF que mandou instaurar a dita investigação (sempre lembrando que os pedidos de impeachment dos ministros são decididos pelo Senado e não são levados adiante. Por outro lado, repousam no STF infindáveis processos contra os Senadores). Ou seja: uma mão lava a outra!
Mas, embora tudo, e pelo rumo que a CPI está tomando (até o “véio da Havan”, com seu terno de periquito já esteve lá) tudo indica que não vai acontecer nada até porque é muito difícil apontar responsabilidades quando o que acontece no país se assemelha em muito com o resto do globo (até os desvios e corrupções, número de mortes, contágios, etc). Mas parece que as “nobres excelências” que se xingam, brigam, se ofendem, proferem palavrões e quase chegam às vias de fato, estão mais preocupados com as luzes da ribalta. Panis et circenses. O jogo não pode parar: muita caneta, lençol, elástico, calcanhar e bicicleta e pouco gol!