Júlio de Castilhos
quarta-feira

22 de janeiro de 2025

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Sim, ela veio para ficar. A sua abolição total quem sabe nunca se dê. Pode ser que uma outra pandemia chegue ou que o ar poluído e pesado a façam mais importante (Quiçá haja pessoas que não queiram abandoná-la). Profissionais da saúde, em sua labuta cotidiana, já estavam acostumados (pelo menos nos locais de trabalho). Outras classes profissionais, por conta dos ambientes hostis, também já eram familiarizados com ela. E para quem achava absurdo aqueles povos orientais usando máscara há dez, quinze anos atrás, eis que o bizarro virou aceitável (e porque não dizer extremamente necessário).

Mas o fato que o uso da máscara é, com certeza, uma das melhores formas de proteção individual e coletiva em caso de doenças transmissíveis por via aérea. Respeito quem não queira usá-la, desde que essa pessoa não tire o meu lugar na hora do atendimento em saúde e nem gaste os parcos recursos públicos da área por conta de sua opção.

Mas enfim, em tempos pandêmicos e com muitos protocolos de segurança a serem seguidos, julgo oportuno que quando um adereço seja incorporado ao nosso figurino ele mereça uma etiqueta. “A etiqueta é um conjunto de regras de comportamento que especificam como devemos nos comportar socialmente. A etiqueta trata de regras e normas que estabelecem o comportamento socialmente aceito em diferentes ocasiões, baseando-se no trato de formalidades em momentos cerimoniais ou na convivência comum”. (https://brasilescola.uol.com.br/).

Desta maneira, não levando em conta apenas o caráter profilático do adereço, a questão é que a máscara fez surgir uma série de novas situações, tais como: como se fazer reconhecer por outrem? Tem pessoas que são detalhistas ou que tem a hábil capacidade de reconhecer outra pessoa apenas pelos olhos. Mas e quem não consegue? E como fazer para se identificar para uma autoridade, em órgãos públicos, no estabelecimento comercial ou bancário? Por óbvio que a máscara deve ser retirada, mas como deve ser feito isso? Guardar distância segura? Prender a respiração? E qual deve ser o modelo de máscara a ser usado em um encontro amoroso, no trabalho, no restaurante, na praia, no ônibus?

Temos visto a criatividade do brasileiro estampada nas máscaras: desde bichinhos fofos a manifestações políticas ou de engajamento em causas sociais. Também há máscaras de protestos, com florezinhas e até com joias e adereços de metais preciosos (para quem pode, é lógico). Tenho observado que a máscara tem se prestado para revelar até mesmo a personalidade ou o estilo da pessoa. Há quem seja prático e use a descartável, há os mais cautelosos que usam a máscara dupla, há os despreocupados ou pouco cuidadosos que deixam a máscara cair no queixo ou pescoço, há os tímidos que nunca retiram a máscara, em hipótese alguma. Também há os estilosos que capricham no visual da máscara, há os discretos que preferem as básicas de uma cor só e em tons não estravagantes e esses últimos que fazem questão de chamar a atenção com máscaras impactantes.

Assim, como passou o tempo dos livros de etiqueta, creio que a etiqueta da máscara está mais no inconsciente coletivo. E no mais, seguimos nosso curso, torcendo para que ela seja breve, pois afinal ainda não consegui me adaptar com algo que tira o fôlego, embaça os óculos e furta, de certo modo, a minha fisionomia e a minha personalidade.

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