Mesmo sabedor das críticas que estão por vir, dos rótulos de piegas e sentimental ou do desdém daqueles menos sensíveis, vou entrar na atmosfera de Natal. A data convém a uma reflexão. Nos traz uma calmaria interior e proporciona que fiquemos mais alertas para as coisas do coração. A razão, senhora séria do dia a dia, continua de pé na varanda, atenta ao de redor, mas a emoção se achega de manso nestes dias de festa e de louvação. Nem mesmo a fome voraz do consumismo (com seus embrulhos e laços) consegue apagar a chama que arde no âmago. Não sei o porquê, mas nesta época as pessoas passam a olhar um pouco mais para o lado. Conseguem ver que existem outras pessoas em situação de necessidade e, como em um milagre, estendem a mão, distribuem um abraço, socorrem um próximo. Talvez a saga daquele que nos fez comemorar o dia 25 de dezembro seja o principal motivo desse sentimento. Seu nascimento, vida, morte e ressureição aquece a alma e faz com que estejamos mais dispostos a ajudar, a acolher, a ter empatia.
Afora a questão apelativa do Papai Noel, das renas e da neve de algodão (mas que tem seu mérito sobretudo no imaginário infantil), o natalício de Cristo tem sido motivo para as pessoas se aproximarem (algo caro nestes tempos pandêmicos), confraternizarem, trocarem lembranças (daquelas que permanecem e retornam de tempos em tempos na memória de cada um), de se nutrirem de acalanto e de compaixão.
E se porventura um vídeo postado na rede social, de uma peça de divulgação ou uma música natalina for motivo de um engasgo, de uma lágrima a ser disfarçada, não se preocupe, o período do Natal é para isso mesmo: para libertar nossos sentimentos de amor, para olhar com o coração e de escutar com a emoção.
Assim, dentro deste raciocínio é que gostaria de desejar um Feliz Natal a todos os leitores do Semanário e a todas as demais pessoas. Que os dissabores, as más notícias, as injustiças, os malfeitos, o desprezo, a ignorância, o ódio, a inveja e outras coisas não tão boas, sejam superadas, esquecidas e perdoadas diante da alegria que a data representa. Que os presentes sejam menos materiais. Que a cultura do objeto seja superada pela fruição dos instantes e das experiências interpessoais. Que cultivemos a paz e a boa vontade e tenhamos misericórdia em abundância.
Enfim, se o Natal evoca tudo isso, qual o motivo de fugirmos desse clima que envolve esse momento? Diante disso, pergunto: E por que não imergir de corpo e alma no espírito do Natal?