Que a pandemia mudou a vidas das pessoas não é novidade. Sequer é surpresa que novos arranjos produtivos, de serviços e de relacionamentos se estabeleceram a partir da necessidade do distanciamento social e do temor do contágio. Entre idas e vindas muitas vidas se foram e como tenho insistido com certa obstinação, na atualidade toda a doença virótica é pandêmica visto a facilidade de comunicação∕transmissão vigente. Mas também é fato que uma doença só é letal quando não há a terapêutica adequada. Em outras palavras: doença nova mata até surgir o remédio (ou vacina como é caso da COVID). Não fosse assim, estaríamos dizimados, embora a capacidade de reagir a qualquer doença diante da criação de anticorpos e mediante a vacinação em massa da população mundial (uns mais ágeis e outros mais lerdos) parece fazer com que as coisas tendam a amenizar. Então é hora de pensar no retorno (ou no “novo-novo” normal). Sim, nada do que foi será de novo do jeito que já foi um dia. Muitas coisas já estão liberadas. Umas com cuidados mais rigorosos, outras coisas, nem tanto. A régua muda de tamanho conforme o desenhista. Estádio de futebol lotado pode? Sim, lotado nas partes liberadas e em outros setores totalmente vazios (A hipocrisia é enorme). Locais que promovem apresentações artísticas podem? Sim, com regras parecidas com as dos esportes em geral. Farmácias, supermercados, comércio nunca pararam: nem poderiam. Restaurante pode? Sim, com o ritual do bota máscara, tira máscara, bota máscara, tira máscara. Muitos serviços públicos já retornaram. Distanciamento, máscara e álcool em gel ainda estão em voga (mas o medidor de temperatura já é coisa do passado). Mas o que não voltou ainda? As escolas municipais e estaduais já retornaram ou estão em vias de retorno. É claro que haveria um dia em que deveríamos tentar voltar a viver, senão igual, mas de forma parecida com a época pré-pandemia.
O retorno, como já bastante apregoado, deve se sustentar na ciência, pois se a vacina não é eficaz que voltemos para casa. Mas quero crer que os discursos pró-ciência sejam além de sensatos, científicos e sem sectarismos políticos ou ideológicos. Os prejuízos já foram suficientemente danosos para que mais gasolina seja jogada na fogueira. Do meu “métier” sei que os quase dois anos de ensino remoto foram altamente prejudiciais para haver uma aprendizagem significativa. A falta de cultura por parte da comunidade acadêmica, a falta de recursos tecnológicos e a falta de metodologias específicas mostrarão a sua cara nos próximos testes, provas, concursos e qualquer situação em que se requeira conhecimentos que deveriam ser construídos neste tempo de exceção. Mas seria a COVID um rio que passou em nossas vidas? Que os próximos capítulos sejam os derradeiros, com um HAPPY END!