O preço alto da saca da soja veio como um fôlego ao produtor depois de um período preocupante de seca no Rio Grande do Sul, sendo o maior registrado nos últimos 8 anos, segundo o site AgroLink. Segundo a Defesa Civil do RS, ainda no mesmo site, 122 municípios decretaram situação de emergência por conta da seca, entre o mês de outubro de 2020 e fevereiro de 2021.
De acordo com a Secretaria de Agricultura de Júlio de Castilhos, os produtores rurais que já tinham sofrido perdas significativas na última safra, resolveram retardar o período de plantio da soja, que estava previsto para final de setembro, e foi realizado a partir da segunda quinzena de outubro. O atraso teve o objetivo de tentar fugir dos principais períodos de seca que o La Niña ocasionaria. Segundo o site Onu News, o fenômeno natural provoca mudanças na circulação atmosférica com grande influência nos padrões de tempo e clima que estão associados a riscos de chuvas fortes, inundações e secas.
Como sabemos, Júlio de Castilhos é o segundo maior produtor de soja do Estado (o primeiro é a vizinha Tupanciretã), e tem a economia diretamente afetada de acordo com o preço do grão. Ana Paula Alf Lima, Secretária Municipal de Agricultura, comenta que os problemas climáticos ocasionaram uma quebra de produção. “Aqui em Júlio de Castilhos, a expectativa de colheita era de 60 sacas por hectare, e está se confirmando em torno de 54 a 55 sacas. Então estamos tendo uma quebra de 5 sacas por hectare. Isso vai fazer, no final, que nosso volume de produção seja menor”.
Segundo a Secretária, hoje o clima é um grande fator de influência da produção, porém é algo que nem o produtor e nem o mercado conseguem ter controle. Só a especulação de que podem haver problemas climáticos já ocasiona uma variação no preço pago pelas commodities.
Mas e depois de tudo isso, como o preço da saca da soja está hoje em R$160?
De acordo com informações da Secretária de Agricultura em conjunto com a Emater, devido ao atraso do plantio, a soja ficou pronta para ser colhida somente no final de março, concentrando ainda na segunda quinzena de abril. Tal situação não é somente um efeito nos termos de clima e produção, pois afetou diretamente o mercado na valorização.
“O principal volume de compra da China é feito na primeira semana de março, ou, em últimos casos, na segunda quinzena de março. Mas como não temos soja colhida, essa compra mais volumosa vai ocorrer no final de abril e em maio. Logo, estamos observando essa valoração da soja cotada em R$170,50, que não é normal. Então fora o contexto da Covid-19, o fato de termos esse retardamento da produção e por conseguinte da colheita, fez com que a soja ficasse mais cara nesse período”, comenta Ana Paula.
A Secretária comenta que há um indício de que a China aumentará as compras em torno de 13% comparado a 2020, mas neste primeiro momento, não teremos volume suficiente para atender essa demanda. Além disso, os Estados Unidos, devido aos desafios no enfrentamento das nevadas, sinalizaram que vão reduzir em 5% sua área produtiva para não ter perdas, o que também contribui para um salto no preço da soja. “Estamos desenhando um quadro que vamos chegar, de novo, a trabalhar com os estoques mínimos de soja nos principais países produtores, que são Brasil e Estados Unidos, e isso faz com que o preço suba, para que poucos países, fora a China, tenham condições financeiras para fazer a compra”.
Governo do Estado decide fazer a Abertura Oficial da Colheita da Soja no RS
A Abertura Oficial da Colheita da Soja no Estado do RS é um evento tradicional que pertence ao Calendário de Eventos do RS e acontece anualmente no início de abril em Tupanciretã.
Este ano, devido a pandemia, a celebração da abertura foi adiada para início de maio e no formato virtual do Gabinete do Governador.
A EMATER foi acionada pelo Estado para montar a equipe coordenadora do evento. Sendo assim, na manhã de quinta-feira, dia 22 de abril, o Prefeito Gustavo Terra recebeu a equipe do escritório da Emater de Tupanciretã para as tratativas do evento, com data a ser estabelecida após confirmação da agenda do Governador.
Embora de forma tardia, a realização da Abertura é um ato memorável para o Estado e principalmente para Tupanciretã, a capital estadual da soja, e não deve ser passado em branco.
