Júlio de Castilhos
quarta-feira

22 de janeiro de 2025

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Tenho pensado na vida, como um enorme mosaico, de pedrinhas de muitos tamanhos e cores diferentes. Ou melhor. Quem sabe, uma colcha de retalhos, com suas nuances, tecidos diversos, e até cheiros de guardados e de sonhos que se perderam pelo tempo, realizados ou não. Ah, certas incertezas da nossa vida, da vida dos outros, de tantas vidas, vão compor esta peça ímpar de nosso leito existencial. Isso forma uma indissociável e lindíssima colcha de retalhos. Só quem a tem juntada em partes e pedaços, sabe do que estou a falar.

Uma vida, nunca é apenas uma. Nela se vive muitas partes, que formam “a colcha” de que insisto em falar.  Quem viveu já algumas décadas, certamente, olha para trás e se vê em cenas, momentos, locais, mundos; que nem parecem ser o de hoje. Tem-se a impressão de que vivemos muitas vidas em uma vida só… E é assim mesmo. Talvez a vida em si seja a mesma, nós não. Moldados, modificados, por vezes amargados pela caminhada, temos percepções e sentimentos diferentes em cada fase da vida, e assim vamos compondo a grande colcha de sentimentos, entendimentos e vivências. Ora somos protagonistas, noutras coadjuvantes. Fizemos escolhas que nos atinge e os outros também as fazem e muitas vezes somos atingidos em cheio por elas. E, felizmente, por muitos momentos, somos brindados pela beleza do encontro, partes por demais coloridas de nossa “colcha”, que dão sentido e significado à mesma.

Ao trilhar os caminhos da existência vamos agregando muitos “retalhos” a nossa colcha da vida. Perdas e ganhos. Experiências. Dores, flores, amores. Deleites e sofrimentos. Vitórias, conquistas e fracassos. Percepções acertadas e muitos mal-entendidos. Quase sempre ao olhar o que passou, entendemos que fizemos o que podíamos com o entendimento que tínhamos, naquele momento. E, se tudo que podíamos fazer estiver feito, não faltou nada a se fazer. Fomos, sobretudo humanos, e ao acertar e errar isso se prova e comprova. E assim, quando chegar a hora de dormirmos o eterno sono, que nosso leito possa ser recoberto com uma colcha, cuja maioria dos retalhos sejam coloridos; poucos arrependimentos e muitas conquistas. E, principalmente, de afetos correspondidos e de memórias ternas e alegres, num rastro de Amor e entendimento. E que as cores vivas predominantes sejam os momentos em que fomos felizes e nos quais tenhamos conseguido fazer os outros felizes também, ao nosso lado. Se assim for, terá valido a pena. 

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