É jargão popular se dizer que “a vida é feita de ciclos”, mas nem por isso deixa de ser uma verdade. São fases, momentos, travessias, sempre rumo a um final óbvio, mas nem sempre considerado. Nascer, viver e morrer, é ordem imutável a qual todos estamos sujeitos. Mesmo assim parece que muitos vivem como se nunca fossem morrer e morrem como se nunca tivessem vivido. Talvez falte muita consciência de nossa efemeridade. Entender que nada é para sempre, nem nós mesmos, serve para percorrer o cominho de maneira mais leve e alegre, esperando que, quando um ciclo se fecha outra melhor se abra. E o ciclo atual é sempre melhor, porque é o que temos, os demais, já não nos pertencem, perderam-se na bruma dos tempos vividos…
Passo a passo vamos galgando a estrada da vida. Na infância queremos ser adultos, ter a tão propalada liberdade. Contudo, quando adultos, por vezes nos assustamos um pouco com a liberdade, pois dela decorre a responsabilidade: a semeadura é facultativa, mas a colheita é obrigatória. Ficamos diante da famosa constatação sobre a consequência dos nossos atos. Muitos buscam a estabilidade financeira, desejam construir carreira profissional, família e relações estáveis. Chega-se então à maturidade, e se vai envelhecendo e aí passasse a ter uma visão diferenciada sobre tudo o que se viveu e é nesse momento que serão mais felizes os que não tiverem muitos arrependimentos. Pois é certo que, sempre depois que as situações se passam entendemos melhor o ocorrido e podemos avaliar se nossas atitudes foram ou não, as mais adequadas. Mas aí, já é passado, imutável até para a divindade, traduzida naquela frase, “o passado, nem Deus muda, no máximo: perdoa…”
Assim, parece-nos importante não ficarmos nos prendendo ao que se foi. Pois, segundo os versos de uma conhecida canção popular: “nada será, de novo, do jeito que já foi um dia…” Então nada de se agarrar ao passado, porque ele não volta, deixa apenas as experiências e os ensinamentos, o que já é muita coisa. Alguém já disse que o sentido da vida é para frente. Acredito nisso, e que cada ciclo que se cumpre vai nos lapidando para o desfecho final. Dessa forma, as óbvias constatações que fazemos não são para nos amargar diante dos ciclos da vida; ao contrário, busca-se animar a existência com a percepção de sua tênue transitoriedade, pois, uma vez conscientes disso, podemos e devemos valorizar mais a cada instante vivido, porque tudo acontece no presente, e a vida é, por si só, o maior presente que devemos desfrutar com alegria.
Que saibamos percorrer a nossa existência da melhor maneira possível, e viver, com sabedoria e entendimento, todos os ciclos!!!