Embora saibamos que vivemos de contrários, e que isso é, de certa forma e em muitos casos, algo necessário, a começar pelo concavo e o convexo… Contudo, muita adversidade e oposição podem ser prejudiciais à vida em sociedade. Somos feitos de dualidade: grande e pequeno, feio e bonito, bom e ruim, feliz e triste, etc. O Ser humano em si é uma gangorra de sentimentos e comportamentos e a sociedade, por consequência, está eivada de comportamentos antagônicos, sendo essa talvez a sua maior riqueza, pois dai surgem as possibilidades de crescimento, riqueza e realizações. Interesses contraditórios fazem a matéria prima da engrenagem social e econômica. Afinal, o que seria do mundo se todos desejassem a mesma coisa? Não daria certo, não é verdade? Além do mais, quando um pensamento uniforme se torna dominante a inteligência e o questionamento ficam de lado. Diferenças e contradição de ideias, são, até determinado limite, salutares ao convívio social, em todos os seus círculos.
O perigo é quando o antagonismo e as diferenças migram para um território chamado radicalismo. Aí, tudo que era positivo e produtivo no campo das ideias e dos comportamentos, passa a ser destrutivo, prejudicial e corrosivo. Em nosso país hoje presencia-se uma segmentação exacerbada de ideias e posicionamentos, onde não se percebe mais qualquer tolerância à opinião do outro. Qualquer fala que seja feita sobre determinado assunto, mas principalmente sobre política ou economia será rotulada, de esquerda ou de direta e será atribuída a simpatia ou antipatia aos principais nomes da atual cena política brasileira. Ora, isso não é inteligente e nem produtivo. Taxar e rotular o outro a partir de uma “cegueira ideológica” é ruim e perigoso. São democratas que não aceitam ideias contrárias à sua, religiosos que concebem apenas a sua religião como admissível, políticos que querem dizimar os seus oponentes, ocupantes de cargos eletivos que que questionam a ferramenta eleitoral que os elegeu, e assim por diante.
Partindo-se do princípio que todos têm, em algum grau, defeitos e virtudes e ainda que a nossa maior riqueza seja justamente as nossas diferenças, talvez buscar, o tanto quanto possível, o entendimento e a aproximação entre ideias e posições: políticas, econômicas e sociais, seja a atitude mais inteligente e construtiva para todos. Nos enfrentarmos ao extremo, buscando aniquilarmos uns aos outros só servirá para nos enfraquecer como um todo. A dicotomia é necessária e o dialogismo nos torna protagonistas de mudanças e de avanços socias. Assim, talvez seja o momento de nos unirmos, nos aceitarmos como somos e buscar melhorar, buscar diminuir as diferenças e os ódios e preconceitos, não porque sejamos bonzinhos, mas sim porque talvez seja essa uma das únicas possibilidades de melhorarmos enquanto sociedade. Mais cooperação e partilha e menos radicalização, competição e antagonismos… Pensemos nisso!