O Rio Grande do Sul vive um momento recorde na colheita de soja. Segundo dados da Emater, o Estado deve colher 20,2 milhões de toneladas da oleaginosa até o final de abril de 2021, representando um avanço de quase 80% em relação a 2020. As expectativas positivas eram esperadas já desde a semeadura, partindo com 6,07 milhões de hectares, maior área já vista no Estado, com avanço de 1,6% em relação à safra anterior.
O fator climático foi um grande colaborador para a produção elevada. Na safra 2019/2020, por conta da estiagem significativa, um levantamento apresentado pela Emater apresentou que apenas na soja houve uma queda de 45,8% na produção, tendo 10,6 milhões de toneladas colhidas enquanto a expectativa era de 19,7 milhões. Em 2020, com a chegada da primavera, a falta de chuva prejudicou lavouras de outras culturas e assim, trouxe apreensão para o plantio da soja, que atrasou por duas semanas. Em janeiro, porém, o retorno das chuvas trouxe esperanças para a produtividade e para a recuperação do faturamento da temporada passada.
A economia gaúcha dá um salto através da cultura de verão. De acordo com o Ministério da Agricultura, o Valor Bruto da Produção (VBP) da soja alcançará R$ 50,6 bilhões neste ano, com o acréscimo de 104,1% do ano de 2020. Somente a soja irá responder por 47% do VBP de toda a agropecuária do Rio Grande do Sul, que é estimado em R$108,3 bilhões.
Valendo cerca de R$90,00 neste mesmo mês no ano passado, hoje a saca de soja elevou sua valorização ao preço de R$165,00 em média na região. Na cidade de Júlio de Castilhos – RS, segundo estimativas com base em dados da COTRIJUC, em torno de 70% da área de plantação de soja já foi colhida até o momento. Para cada hectare, estão sendo colhidos cerca de 55 sacos, chegando até em números mais elevados em algumas áreas. Os dados preliminares indicam uma boa produtividade neste ano.
O sojicultor obterá uma das safras mais rentáveis de acordo com os preços favoráveis neste ciclo. Mesmo com a elevação do dólar, mantida acima de R$5 desde o ano de 2020, a remuneração cresce em ritmo acelerado ainda que a cotação influencie nos preços de insumos e nos custos de formação da lavoura. Isso é o que indicam os índices de inflação dos custos de produção e de preços recebidos pelos produtores gaúchos, calculados pela Federação da Agricultura do Rio Grande do Sul (Farsul).
Tais estimativas contribuem para o retorno dos gaúchos ao quarto lugar no ranking dos Estados com participação de 10,6% no país, ficando atrás de São Paulo, Paraná e Mato Grosso. O cenário nacional de produção farta reforça os cálculos de que o Brasil alcance uma cifra trilionária pela primeira vez na história. No Rio Grande do Sul, a produção agrícola deve gerar R$80,61 bilhões, com a maior contribuição vinda da soja.