O empreendedorismo social surgiu para suprir necessidades que não são cobertas pelo Estado, atendendo, em especial, demandas de populações vulneráveis.
No Brasil, esse campo ganhou força a partir dos anos 1990, quando houve considerável redução de investimentos públicos na área social e o aumento da presença e influência da sociedade civil organizada.
Desde então, empresas passaram a dar mais atenção ao seu papel na sociedade, implementando atividades de responsabilidade social.
Nesse cenário, emergia, também, o empreendedorismo, que corresponde a uma nova forma de pensar a gestão das empresas, elevando sua flexibilidade e competitividade no mercado.
Não demorou muito para que esses conceitos se misturassem, utilizando a capacidade empreendedora para solucionar um dos principais problemas de ONGs e outras entidades focadas apenas no campo social: o levantamento de recursos financeiros.
Ainda que, no país, existam opções variadas para captar os valores necessários para que essas instituições funcionem, eles ficam limitados por burocracia e dificuldades, por exemplo, para levar as ações ao conhecimento de possíveis colaboradores.
Considerando o contexto do empreendedorismo, que nasce para propor soluções diferentes a questões antigas, fez todo o sentido empregar esse raciocínio para resolver a demanda financeira.
Em vez de concentrar os esforços na sensibilização de comunidades e na captação de recursos junto a governos e fundos de incentivo, os empreendedores sociais forjaram sua própria fonte de renda.
Dessa forma, aliaram itens comerciais e auxílio à população, com o objetivo de formar negócios autossustentáveis.
Claro que pode ser interessante captar recursos de outros fundos em algumas ocasiões, como na expansão da iniciativa ou durante grandes campanhas, mas é possível sobreviver de forma menos dependente das doações.
É perfeitamente possível escalar no empreendedorismo social e é até desejável, uma vez que soluções e iniciativas bem sucedidas em uma comunidade podem ser adotadas em outras localidades, potencializando muito os seus benefícios.
Um dos caminhos para esta escala é o trabalho em rede, algo ainda pouco praticado na sociedade civil organizada, uma vez que as OSCs, muitas vezes, operam isoladas, quando poderiam se beneficiar muito – e beneficiar seu público – por um trabalho conjunto com suas organizações irmãs.
Outro caminho para dar escala a iniciativas bem sucedidas é por meio das estratégias de responsabilidade social das empresas.
Quando uma empresa toma uma iniciativa ou um projeto que ela apoia em uma comunidade e a leva para ser replicada em outra, ela está ampliando o leque de suas ações sociais. Com isso beneficia outras localidades, com a vantagem de oferecer algo já testado e de êxito comprovado.
Estes dois caminhos, trabalho em rede e estratégias de responsabilidade social empresarial, têm um potencial enorme de ampliar os efeitos de iniciativas sociais locais.
Além de beneficiar pessoas em situação de vulnerabilidade, os empreendimentos que focam na missão social contribuem para a satisfação e realização pessoal de gestores e funcionários.
Isso porque seu trabalho alinha carreira e propósito de vida, agregando um sentido nobre às atividades profissionais.