Na semana passada tivemos o retorno as aulas, presenciais. Depois de praticamente dois anos com as restrições decorrentes da Pandemia da Covid-19, o retorno. Um misto de muitas emoções para todos: alunos, professores, pais e responsáveis. Novamente se pode ouvir sons diferentes e alegres pelas ruas: gritos, risos, atrito de mochilas que deslizam com pressa e de passos em direção às escolas de todas as redes, de todos os níveis. Viu-se de novo o colorido vivo e vibrante por todos os lados: roupas novas, uniformes, pastas, ‘lancheiras’, livros polígrafos e materiais de todas as espécies. É o frescor e o entusiasmo do início, do novo que a cada ano se renova. Inicia-se o ano letivo. Nesse ambiente que respira e transpira expectativa, esperança e também (porque não dizer) alguns medos, daquilo que é novo; até aqueles, que como eu, já passei a muito dessa fase, sentem-se revigorados e envolvidos com este clima maravilhoso. E assim, embevecidos de esperanças e sonhos ficamos todos desejando que o ano seja bom, proveitoso e produtivo. Que a pandemia vá embora e que possamos seguir a vida, mesmo que seja no que se convencionou chamar de “novo normal”, com cuidados, mas de forma presencial, o que já é muito importante.
Sem desmerecer este cenário encantado, e nem estas expectativas tão bonitas, é forçoso pensarmos na educação e aí começamos a nos questionar. Percebemos que há muito a fazer e avançar nesse campo. É sustentável a tese de que, a maioria dos problemas sociais que vivemos teria sua solução, em médio prazo, se passássemos por uma remodelação do sistema de educação deste país. Talvez, como ponta pé inicial precisássemos rever os currículos e pensar: no que ensinar, de como ensinar e para quem vamos ensinar… E qual resultado será obtido a partir disso. Só que antes de tudo, o momento impõe pensarmos em reparar as perdas de quase dois anos, longe da escola. O déficit de aprendizado para alunos de todas as classes, que, mesmo com os louváveis esforços dos educadores, através das aulas a distância, não foram supridos como necessário. A educação é presencial, o olho no olho a emoção, o diálogo frente a frente, nada substituiu. Importa destacar sempre a atuação dos educadores: professores e servidores; os quais desempenham as suas atribuições de forma abnegada e eficiente. E precisam ser cada vez mais valorizados e qualificados. Pois, sem eles nenhuma outra profissão existiria. São eles que formam a todos, e que precisam ter um tratamento diferenciado. Assim, uma eventual crítica que se faça jamais será aos operadores da educação; e sim, em relação aos burocratas, que de seus gabinetes planejam e definem o sistema, a nosso ver, de forma equivocada.
No que tange aos alunos falta muito também em termos de valorização das diferenças, o entendimento de que num país de dimensões continentais como o nosso, é necessário valorizar as culturas locais e regionais; e, sobretudo, é preciso ensinar a pensar e não a decorar… Valorizar a individualidade de cada aluno. Na escola se vai buscar conhecimento; mas, educação se adquire em casa, porque tem a ver com a questão cultural, usos, costumes e tradições. Enfim, são traços de caráter herdados através das gerações. Nos parece necessário pensar um modelo novo de ensino, onde as escolas transmitam conhecimento e no seio da sociedade exista um ambiente adequado e condições para repassar educação, noções de bom caráter e valores. Pois, somente dessa forma a festa do início do ano letivo, se prolongará e se manterá até o seu final, e permanecerá na vida de cada aluno com a aquisição de conhecimento e bases sólidas para a sua vida pessoal e profissional.