Os problemas sociais que vivemos há muitas e muitas décadas são realmente muito grandes, crônicos e parecem mesmo, em dado momento, insolúveis, pelo menos a médio e até mesmo a longo prazo. Mas como romper com tal estado de coisas, diante deste contexto que aí está, com soluções apresentadas, que mais parecem manter este quadro?
Pois se não rompermos com este estado de coisas e não apresentarmos alternativas criativas não conseguiremos mudar este quadro. As transformações sociais passam então pela inovação social, que consiste em uma ruptura na maneira de fazer as coisas, um elemento inovador em um contexto dado. Ela representa uma descontinuidade com relação às soluções habitualmente oferecidas e fornece uma resposta criativa a problemas de tipo econômico e social, não satisfeitos nem pelo mercado nem pelo Estado.
A inovação social pode assumir várias formas que não possuem características comuns. A empresa social e as diversas iniciativas da economia social e solidária tanto no Sul quanto no Norte se inscrevem em parte nessa visão. Elas são inovadoras na abordagem dos problemas sociais (definição do problema, identificação das causas e das soluções), mas também na implementação dos processos de mudança, visto que elas incorporam novas ideias, novos conceitos, novos produtos e serviços, novas práticas, novas formas de avaliação.
Além do amplo leque de novas respostas aos problemas sociais identificados (financiamento solidário contra a exclusão social, por exemplo, mas também inserção no mercado de trabalho, moedas locais, redes de pequenos produtores para o comércio justo), as iniciativas da ESS são inovadoras na sua forma de gerenciamento do poder (democratização das empresas), e de organização do capital humano e dos recursos. Elas se baseiam na cooperação entre uma diversidade de atores, entre os quais se encontram os atores institucionais, e podem ter incidência no estabelecimento de políticas públicas regionais ou nacionais, elas mesmas inovadoras. Por outro lado, através da aquisição de aprendizagens, a troca de informações e a prática da solidariedade, elas oferecem as ferramentas para a redução da dependência e para o aprofundamento da autonomia das pessoas.
No longo prazo, e se ela for desenvolvida por movimentos sociais suficientemente poderosos, a inovação social, por seu questionamento aos modos de ação, pela implementação de estratégias diversificadas, e pela autonomia das pessoas, pode chegar a ser uma fonte de transformação social e uma impulsora da mudança.
(https://www.socioeco.org)
É este ambiente de busca de transformação que precisamos criar em nossa comunidade, com atitude propositiva, sendo estimulada e organizada pelo Poder Público a participação social, criando a estrutura para a realização das discussões, formações e capacitações e da prática inovadora.