Com insistência tenho abordado o tema empreendedorismo, fundamentando assim uma discussão necessária, principalmente neste momento em que precisamos buscar alternativas para a superação, não só de uma grande crise provocada por uma pandemia, mas de uma maneira mais profunda, superarmos as condições de vulnerabilidade, na qual se encontra boa parte de nossa população. Aliás, esta questão é um grande desafio para os gestores públicos, na própria definição do seu papel frente a este verdadeiro flagelo. Vamos a alguns conceitos importantes.
Assistência social
Existem duas formas de atividades socialmente valiosas que são diferentes do empreendedorismo social. A primeira delas é a prestação de serviço social. Nesse caso, um indivíduo corajoso e comprometido identifica um problema social e cria uma solução para ele. A criação de escolas para crianças órfãs e que possuem o vírus do HIV é um exemplo nesse sentido.
Entretanto, esse tipo de serviço social nunca sai de seu limite: seu impacto permanece restrito, sua área de serviço permanece confinada a uma população local e seu escopo é determinado por quaisquer recursos que eles sejam capazes de atrair.
Seria possível reformular uma escola para órfãos que possuem o vírus HIV como empreendedorismo social. Mas isso exigiria um plano pelo qual a própria escola criaria uma rede inteira de escolas e asseguraria a base para seu apoio contínuo. O resultado seria um novo e estável equilíbrio pelo qual, mesmo que uma escola fechasse, haveria um sistema robusto em vigor através do qual as crianças receberiam diariamente os serviços necessários.
A diferença entre os dois tipos de empreendimento – um empreendedorismo social e o outro serviço social – não está nos contextos empreendedores iniciais ou nas características pessoais dos fundadores, mas sim nos resultados.
Ativismo social
Uma segunda classe de ação social é o ativismo social. Neste caso, o motivador da atividade possui inspiração, criatividade, coragem e força, assim como no empreendedorismo social. O que os diferencia é a natureza da orientação de ação do ator.
Em vez de agir diretamente, como o empreendedor social faria, o ativista social tenta criar mudanças por meio da ação indireta, influenciando os outros – governos, ONGs, consumidores, trabalhadores etc. – a agir. Os ativistas sociais podem ou não criar empreendimentos ou organizações para promover as mudanças que eles buscam.
(https://www.ecycle.com.br/empreendedorismo-social/#Ativismo-social)
Assim, os resultados das ações governamentais, interrompidas pela descontinuidade das gestões e pela falta de definição do tipo de sociedade, cidadão e governo que queremos, ficam muito comprometidas.
As mudanças, tão necessárias, apontam tanto para um posicionamento governamental que promova o serviço social, mas também, e com grande ênfase para ações empreendedoras diretas e de ativismo social, promovendo influências e desencadeando importantes discussões e ações sociais de inovação e transformação.