Júlio de Castilhos
quarta-feira

22 de janeiro de 2025

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A história de uma foto

A história desta foto, vencedora de um Concurso Internacional da Nikon, é muito interessante:
Voltando de um passeio à Cascata do Ivaí, ao passar entre uma plantação de soja já seca, eu vi na estrada vermelha que subia até o horizonte, um ponto de fuga muito bonito. Pedi então para a Mavys que pegasse pela mão o Dayan, nosso filho de uns três anos e caminhasse pela estrada, olhando para a frente.
Pelas costas, coloquei as duas figuras num dos pontos fortes de uma fotografia (ponto ouro) e bati uma foto.
O resultado não me agradou muito. O slide ficou sub exposto, muito desbotado. O céu, ao fundo, era muito branco, sem nuvens. Como quase todas as fotos daquele filme ficassem muito claras achei até que o filme já estava vencido. No entanto, as figuras e a estrada estavam bonitas. Era, no entanto, um bom documentário e nada mais.
E, se eu acrescentasse nuvens no céu? — pensei. Um colega de clube de fotografia de Porto Alegre havia me mostrado várias fotomontagens feitas com sanduíches de dois slides que deram resultados interessantes. Assim, comecei a buscar um céu com nuvens que, na parte inferior, fosse um céu claro (transparente). Assim, o claro superior do céu do primeiro slide receberia as nuvens e o transparente não prejudicaria o conjunto das figuras.
Levei anos sem conseguir o almejado. Um dia, visitando a empresa de soja de meu compadre Solon, comecei a fotografar perdigões sobre a terra recém lavrada, quando ele brincou:
— Engraçado! Vocês, artistas, ficam aí fotografando a terra e nem notam este céu maravilhoso!
— Notei sim, Solon, mas eu preciso é de um céu deste com uma parte clara embaixo. E este, tem corres belíssimas só embaixo e a parte clara fica para cima… E, deu-me o estalo: Inverter! E acabei batendo três slides do céu com densidades diferentes.
Naquele tempo os filmes de slides só eram revelados no Panamá. Aguardei ansiosamente a volta quase um mês depois. Quando fiz o sanduíche vibrei:
O amarelo do céu entrou sobre a soja ressequida e deu um aspecto de trigal maduro. Um marrom sombrio cobriu a linha do horizonte deixando a imagem de um mato de eucaliptos. O céu ficou maravilhoso e o restante do slide primitivo, composto, apresentou uma densidade normal!
Mostrando para meu compadre Walter Coelho, poeta, inteligente e dono de uma sensibilidade extraordinária ele ficou encantado:
— Firmino! Que coisa maravilhosa! Que fotografia extraordinária tu criaste! As figuras, o trigal, a estrada sem fim e este céu que eu nunca vi!

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