Sempre que iniciamos algo há preocupação, por vezes medos, em outras indecisões. É o receio do novo, o frio na barriga, a incerteza do fim que qualquer começo traz. Nesse aspecto costuma-se dizer que o primeiro passo é a metade do caminho; pois nem sempre a iniciativa de um novo rumo é fácil de ser tomada. Como sempre uma única escolha significa muitas renúncias, e é normal relutarmos na hora da decisão. De qualquer forma, passado esse instante inicial, nos sentimos como aquele rio que ao chegar perto do mar prenuncia seu fim e treme de medo; porém, quando suas águas se misturam às do mar ele “respira” aliviado, porque recompensado por não ser mais rio, virou oceano. Assim são as pessoas; passado o impacto inicial de uma mudança, são premiadas por um começo decorrente de um fim recente.
É importante não esquecermos que o nosso bem mais precioso se chama tempo; pois tempo é vida. É, portanto, necessário, ocupar o tempo com sabedoria: de forma útil, produtiva e especialmente prazerosa, porque melhor do que viver é gostar da vida. Talvez por sabermos, até de forma inconsciente, dessa importância do tempo é que se pode perceber um “desejo secreto” e comum a maioria das pessoas, de querer “enganar” o mesmo, para que: quando estamos felizes ele demore a passar e quando estamos tristes ele passe depressa. São em horas e momentos extremos que podemos dimensionar a importância do tempo, quando, por exemplo, num reflexo, por uma fração de segundo conseguimos evitar um grave acidente de trânsito; ou quando também por um pequeno espaço de tempo perdemos o voo, a viagem sonhada, etc. Nessas circunstâncias percebemos a fundamental importância do tempo.
Assim, quando nos encontramos em um início de ano, às portas de um novo ciclo, no raiar de uma nova etapa de vida, o melhor que podemos almejar é sabedoria para fazer escolhas certas, e seguir “gastando” o tempo que nos é dado viver; sem arrogância, superioridade, mágoas ou rancores, para que nossos dias sejam mais leves, e que a nossa caminhada possa ser a mais bela possível. Que do tempo passado guardemos apenas a memória saudosa das coisas boas; e daquilo que não foi bom se consiga assimilar o aprendizado para evitar a reincidência. Que o Amor nos ensine a escrever nossa história da melhor forma possível; nesta “folha em branco” que é o tempo presente e futuro. Que nossas existências, tempo e vida; possam fazer sentido, ter significado positivo, para nós e para os outros. Enfim, que um dia, ao “olharmos” o tempo que passou possamos pensar e recordar com uma sensação de paz e de que tudo valeu à pena…