Júlio de Castilhos
quinta-feira

23 de janeiro de 2025

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Pensei várias vezes antes de escrever sobre esse tema, pois a Revolução Farroupilha é tomada de muito orgulho pelos gaúchos e, consequentemente, pelos leitores do SEMANÁRIO REGIONAL. Mas a verdade é que a Guerra dos Farrapos, da maneira que te é contada, nunca aconteceu. Lembrando que reconheço o heroísmo da população sul-rio-grandense na busca por melhores condições de vida para seu povo.

Falando em população, ela NUNCA apoiou a revolução. Porto Alegre, por exemplo, ganhou o título de “Leal e Valorosa” de Dom Pedro II, por sua população ter resistido fortemente aos revolucionários.

Mesmo sendo a mais longa das guerras provinciais, quase 10 anos, morreram cerca de 3 mil pessoas no total. Sei que parece insensível de minha parte, mas nem de longe foi uma guerra sangrenta.

Foi uma guerra tributária, liderada por estancieiros escravistas, sem ideais e que não foi libertária. Nem o nome “farrapos” foi utilizado pelos guerrilheiros.

Mas então, como todo dia 20 de setembro existe tamanha comoção no Rio Grande do Sul em torno da Revolução Farroupilha?

A verdade é que quem conta, conta do seu jeito e de acordo com as suas convicções. E quando o assunto é Revolução Farroupilha, quem contou nem estava lá e nem era nascido.

Getúlio Vargas, quando toma o poder em 1930, mais de 100 anos depois do fim da Guerra, faz renascer a memória dos grandes heróis gaúchos para se autopromover. Sem deixar nada devendo a governantes romanos que reescreveram a bíblia tantas vezes, contratou escritores e folcloristas para reescrever a história da Revolução Farroupilha.

Até então, não existiam tais comemorações por aqui.

Esqueçam as 7 mulheres (brancas) da série de TV que passou na Rede Globo. Os verdadeiros heróis dessa revolução foram índios e negros, grande maioria dos mortos que nunca receberam um tostão por suas participações no front.

“Documentos militares comprovam que o general Canabarro (farroupilha) ordenou que todo o armamento no acampamento dos soldados negros fosse recolhido um dia antes da carnificina. E na madrugada do dia 14 de novembro de 1844, os soldados imperiais sob o comando do general Moringue, atacou as tropas farroupilhas, avançando somente contra o acampamento dos negros que estavam em condições desiguais de luta e totalmente desarmados. Estima-se que 600 a 700 homens negros foram cruelmente assassinados.” Cassius Vinícius, TRIBUNA ABERTA.

Mas acreditem, nem de longe essa foi a única ação degradante dos “farroupilhas” contra a população negra. Existe um ótimo livro sobre o assunto, Da Revolta à Semana Farroupilha: entre tradição e a história, de Hemerson Ferreira, para quem quiser se aprofundar no assunto.

Entenda, tenho muito orgulho em ser gaúcho e entendo que essa falsificação nos fortaleceu como povo, mas a verdade deve ser entendida. Ainda mais hoje em dia, onde vivemos numa época em que fatos históricos comprovados ainda são contestados.

Nada te impede de comemorar a Revolução Farroupilha, afinal de contas, é feriado e todos nós amamos um feriado e uma mentira que nos fortalece.

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