Júlio de Castilhos
quinta-feira

23 de janeiro de 2025

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Meu filho começou a sorrir. Caso eu fosse dono desse jornal, essa seria a notícia de capa. Nada no mundo é mais reconfortante e encantador. 

Quando nos apaixonamos, e beijamos a pessoa amada, aparecem à nossa volta muitos sinos, música romântica, iluminação forte e um grande coração no meio dos apaixonados. 

Mas quando o nosso filho começa a sorrir, nós ficamos pequenos num grande mundo rosa, com nuvens fofas e o som da risada do bebê ecoando num grande silêncio.

Ficamos pequenos, como se tivesse numa versão 0-6 meses de “Querida, Estiquei o Bebê (1992)”. Aceitamos nossa insignificância perante a obra de Deus e do amor que fizemos com a pessoa do segundo parágrafo.

Já falei aqui na CULTURA POP sobre a não-relação que tive com meu pai, que mora no extremo norte do país e raramente faz uma ligação. A última vez foi logo após a tragédia da Kiss.

Conforme passam os meses, compreendo menos ainda como ele não quis viver esses pequenos momentos. Não que seja fácil. Na maioria do tempo é difícil, bebês tem muitas vontades e manhas. Porém, vencer o choro da criança com ações carinhosas de pai é a maior conquista do ser humano.

Cuidar de bebê é como passar numa fase difícil num jogo de videogame. Você tenta um pouco aqui e ali, até acertar na medida. Após a vitória, se põe imponente e orgulhoso. 

É como estudar para uma prova com aquele professor que nem passa a matéria direito e aplica as questões mais difíceis. Você pode falhar no primeiro momento, mas na próxima sabe como deve se preparar.

Mas se você trocar de jogo porque é muito difícil ou não estudar para essa prova, o teu destino inevitavelmente é a falha. Você não passa de fase, não aprende coisas novas e não evolui.

Ontem assisti “Gonzaga, De Pai Para Filho (2012)”, disponível na Netflix. Estava querendo chorar um pouco. Mas o filme tem tantas falhas que mais me irritou. Parecido com “Paternidade (2021)”, outro que prometia imergir-me numa piscina de lágrimas e também me estressou.

Filme assim tem que ter carga dramática lá no alto. Parece que tem medo da realidade.

Um dia vou dirigir um filme com uma carga dramática tão grande, com beijos apaixonados, mortes violentas, jogos de videogame, provas difíceis, professores ruins e o herói será um bebê fofo e cativante.

Pouco a pouco, meu zumbizinho vai virando um herói.

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