Júlio de Castilhos
quinta-feira

23 de janeiro de 2025

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Minha Pequena Eva e seu amor pós-apocalítico

Lá estava eu no baile de debutante da minha amiga Évelin. Eram duas horas da madrugada, a festa estava no auge. Meus amigos todos bêbados, assim como eu, devo admitir.

Todos no meio do salão, dançando Bonde do Tigrão até o chão. O funk já durava 5 ou 6 músicas, o que, naquela época, era mais que suficiente (e torturante).

Quando, de repente, o som do teclado zumbindo chega de fundo junto com o grito do público e a bateria começando fraca entre caixa e bumbo até ficar forte e a banda chegar com tudo! Sim, era “Banda Eva Ao Vivo e A Cores” com o seu grande sucesso, já na época um clássico, “Minha Pequena Eva”. Ps.: Era no CD.

Quem estava sentado, levanta. Quem estava mal, fica bem. Todos se encontram na pista, abraçados e entonando bem alto.

“Meu amor, olha só: hoje o sol não apareceu

É o fim da aventura humana na Terra”

De repente eu paro. “Como assim?”. E a música segue.

“Meu planeta Deus. Fugiremos nós dois na arca de Noé

Olha bem meu amor. O final da odisséia terrestre”

E enquanto todos começam a animar os joelhos para cantar o refrão, precedido por um “Sou Adão e você será…” eu entro em total parafuso e desespero. “Essa música fala sobre o fim do mundo!!!”

Todos dançam e pulam alegres, jogando a aniversariante pra cima.

“Minha pequena Eva (Eva), o nosso amor na última astronave!
Além do infinito eu vou voar sozinho com você. E voando bem alto (eva), me abraça pelo espaço de um instante (eva), me envolve com teu corpo e me dá a força pra viver

Pelo espaço de um instante. Afinal, não há nada mais que céu azul pra gente voar”

Pelo amor de Deus, essa música tem referências bíblicas, conta a história de um casal que está fugindo das bombas nucleares da terceira guerra mundial e entrou na última astronave que partia do Planeta Terra. Como uma música dessa virou um axé?

Para quem ainda não sabe a música “Eva”, lançada em 1997, é uma regravação de uma versão da banda Rádio Táxi, de 1983. A canção original foi escrita em italiano, por Umberto Tozzi, em 1982.  

A letra se encaixa muito bem ao contexto histórico da época: vivíamos a Guerra Fria e as pessoas estavam com medo de bombas atômicas e de ataques nucleares.

No final dessa história, todo mundo na festa ficou brabo comigo.

– Chega de cerveja para o Vini!

Ouvi ao fundo, antes do início de “Ana Júlia”.

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