Um filme começa com uma ideia passada para o roteiro. Aprovado, começa o planejamento que inclui um storyboard, definições das locações, contratação da equipe (quando tem dinheiro), logística de gravação, autorizações necessárias.
A próxima etapa é a pré-produção que inclui a definição do estilo, estrutura e linguagem, apresentar conceitos, simbologias e sound design para a equipe (quando tem), escolher o elenco e realizar ensaios.
Finalmente chega a hora de gravar e pôr em prática os enquadramentos, iluminação, exposição, movimentos de câmera, continuidade e interpretações.
Por fim, ainda vem a pós-produção com montagem, acabamento, edição de vídeo, edição de áudio, trilha sonora, color grading e aplicação de efeitos especiais quando necessário. Tudo isso sem falar em todo o conhecimento que é necessário para equipamentos e programas de edição de áudio e vídeo.
Mas depois de tudo isso, o mais importante ainda é você saber como divulgar o trabalho. Bob Dylan dizia que “people are crazy and times are strange. I used to care, but things have changed” (tradução: pessoas estão malucas e os tempos estão estranhos. Eu costumava me importar, mas as coisas mudaram).
O pior de tudo é que não adianta ter o melhor equipamento do mundo e não entender de rede social. Não adianta ser um especialista no que foi descrito acima, se não conhece as diretrizes que fazem um vídeo ser impulsionado na internet de forma orgânica ou monetizada (pois são formas diferentes de postagem).
Profissionalmente, nos tempos atuais, é importante entender os dois mundos, ou você, profissional do audiovisual, com um equipamento caro, vai perder para “o garoto no seu quarto com a câmera do celular”.
Uma produção audiovisual é complexa e requer, acredito eu, muita vocação e vontade de fazer acontecer. Todo o esforço do mundo pode ser, e muitas vezes é, ofuscado por alguém que não fez o menor esforço.
Só que existe uma coisa maior que sorte e carisma e se chama “continuidade”. Steve Jobs sofreu muito antes dos seus produtos alcançarem o sucesso de vendas. Mas ele era detalhista e sempre fazia o seu trabalho bem feito. Um dia ele venceu e conquistou o mundo.
Quando acreditamos no que fazemos e não recebemos o reconhecimento, é importante lembrar a música “Serra do Luar” de Walter Franco que ficou conhecida na voz de Leila Pinheiro onde dizia que “tudo é uma questão de manter a mente quieta, a espinha ereta e o coração tranquilo”.
Não é errado fazer o simples, mas se você quer fazer o elaborado, esteja preparado para o caminho longo da continuidade, do planejamento, da produção detalhista, do pouco dinheiro e, quem sabe, lá no final, do reconhecimento.
Pós-Créditos
Queria ter encaixado nesse texto uma entrevista do Bolívia com o cantor já falecido Flávio Basso (Júpter Maça/Apple), mas como não consegui, ficou como pós-créditos.
Flávio. – Você é muito conhecido, mais que eu.
Bolívia. – Mas “ser” você deve ser mais legal. O que você prefere, ser mais conhecido ou mais cultuado?