Júlio de Castilhos
quarta-feira

22 de janeiro de 2025

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INOCÊNCIO PERCILIANO GARCIA — Foi uma das figuras mais ilustres do passado de Júlio de Castilhos. Eu nunca vou cansar de escrever sobre ele. Contam que ele teria sido encarregado ou telegrafista de Taquarembó, uma parada de trem que existiu antes de Val de Serra. Como tivesse ficado muito doente, o Cel. Severo Correa de Barros, que tinha fazenda ali perto, levou-o, em fins de 1890, para Vila Rica, onde ele acabou ficando. Ele dizia que nunca teria tido o prazer de dizer “Bom dia, meu professor!”. Aprendeu a ler sozinho. Era uma pessoa inteligentíssima. De 1898 a 1903, foi regente da 1ª Escola Pública de Vila Rica.

Dr. Flory Azevedo, um celebre advogado e Deputado Estadual que viveu em Júlio de Castilhos assim o definiu: “Idealista, lutador intrépido, bravo e altaneiro, destemido até a temeridade, dotado de uma bela inteligência e de um talento brilhantíssimo de orador. Figura singular e romântica do Rio Grande heróico! Advogado cintilante que nunca freqüentou universidade.

Foi também um excelente poeta. Veja-se o rebuscado vocabulário que ele usou neste soneto. A métrica e a rima perfeita. Rimas ricas, pois quase sempre rimam palavras com classes gramaticais diferentes. Substantivo com verbo ou adjetivo e pronome.  Este soneto ao lado foi composto três meses antes de sua morte.

Inocêncio Garcia foi praticamente  quem fundou o Clube Félix da Cunha, em 1901. Foi um dos fundadores e Diretor do primeiro jornal de Júlio de Castilhos: “A Convenção”.

Era um defensor da liberdade de expressão e foi um líder político de inteligência privilegiada, um orador eloquente e brilhante, um tribuno enérgico e destemido defensor da liberdade e de idéias democraticas.

Era um ferrenho inimigo de Firmino de Paula. Quando este vinha em uma visita à vila e ia da estação ao hotel,  acompanhando de seus correligionários,  fazendo escaramuças, a cavalo, chamando-o de pitoco bandido e de outros impropérios. Firmino seguia adiante ignorando-o.

Aconteceu que, em Cruz Alta onde era chefe regional, Firmino de Paula prendeu Peregrino Garcia, seu irmão, que na cadeia ouviu-o insultá-lo arduamente.

Inocêncio Garcia resolveu, então, desafiá-lo para um duelo. Vejam a sua coragem e a cultura, lendo a linguagem que ele usou para tanto:

“Desejo e peço-vos que tenhais a dignidade de confirmar o vosso ato miserável na presença de homem livre que respira vingança.

Garantindo pelos vossos direitos pessoais, estais convidado para seguirdes para a estação de Taquarembó aonde, a sós, me encntrarei e convosco me baterei.

Quero certificar-me se a farda de um general da República só serve para acobetar a traição e o crime ou tem o decoro de enfrentar o golpe de inimigo, quer político, quer pessoal, num lance generoso de honra.

Qualquer de nós que fuja ou viole o sigilo do presente desafio deve considerar-se desonrado , sem nenhum valor perante os homens de bem.

Saúdo-o com toda a cordialidade de meu ódio.   – Innocêncio Garcia”

Firmino de Paula ignorou seu pedido. No entanto, seus amigos pensando agradá-lo resolveram tomar suas dores:

No dia 20 de maio de 1909, Eram vinte horas de uma noite muito escura, fria e chuvosa. Inocêncio, voltava para casa para trocar de lenço para ir a um velório de um amigos de outra confidência. Passou pela praça e desceu para Rua Fernando Abbott, onde morava.  (Hoje casa de Mariangela Turra). Ao chegar à esquina, quatro homens que estavam de tocaia e o atacaram e o cortaram com talhos de espada. Inocêncio ainda conseguiu dar um tiro que teria pegado em um cavalo que, pingando sangue, seguiu para o lado do cemitério. Arrastando-se, ele caiu agonizante à porta de sua casa.

Existe na Vila Santo Antônio a Rua Inocêncio Garcia, denominação dada pelo Prefeito Mileno Moreira, em 18 de maio 1982.

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