Quando fiquei sabendo que seria pai, meio que já sabia. O Otto vinha nos meus sonhos, pedindo pra nascer. – Pai, me deixe nascer, quero muito ajudar! Digo isso, porque naquela época, passava pelo período mais difícil da minha vida. Não tinha perspectiva de nada. Mas aí, aqueles dois tracinhos rosa no palitinho me fizeram renascer.
Mesmo na gestação, conversamos várias vezes em sonho. – Otto! Meu nome tem que ser Otto. Ele vinha contundente, imponente nos pedidos. Apenas aceitei. Me dava conselhos, me pedia paciência. – Mas quem é o pai afinal? Refletia acordado.
Logo ele nasceu e nos primeiros meses quase nada dormiu. – Pra isso tu pediu pra nascer? Brincadeira, ok? Mas o cansaço não foi fácil. Quantas vezes tive que trabalhar “virado”, ainda mais no emprego que tinha, onde tanta gente ruim tentava me fazer mal todo dia. Toda vez que pensei em desistir, chegava em casa e ouvia aquele chorinho revigorante me deixando alegre. Era ele gritando que eu devia ser forte.
Ser pai presente de recém nascido não é fácil. O meu mesmo, não aguentou e foi embora. Mas disso, nunca me passou pela cabeça desistir. Tinha outro desafio estar ali todo dia, que é dar suporte pra quem sofria mais que eu: a mãe. (embora, tenho certeza, ela tenha muitas reclamações a fazer).
Dois pais de primeira viagem. Tem quem ache errado falar que é sofrimento. E por mais que hoje me sinta honrado em ter passado por essa primeira fase, não há outro verbo senão “sofrer”. Sofremos e superamos. Muitas vezes, quase nos separamos. E uma vez, de fato, nos separamos. Mas estamos aqui, ainda juntos, unidos, prontos para os próximos desafios da paternidade.
É que o tempo passa e como o Otto aprende que tem uma mão, que ela pega coisas, que ela joga coisas, que ele fala, que o dentinho morde, que ele engatinha, que tem coisas que fazem dodói, nós também aprendemos. Aprendemos como fazer ele dormir, como fazer ele comer, ensinamos o que é não, o que é perigoso, etc. (Só não aprendi a ficar tranquilo quando ele fica gripado). Uma troca maluca, entre 3 pessoas inexperientes que formam uma família com seus problemas, mas que se amam muito.
E olha só, que coisa! Já faz 1 ano que ele nasceu! Passou muito rápido! O que me faz ter remorso é quando, junto aquela choradeira nas madrugadas, pedia pra ele crescer logo. Quero aproveitar cada segundo, cada etapa, e observar cada movimento, cada aprendizado, cada gesto novo que ele aprende. Tenho tanta coisa que quero te ensinar e tanta coisa que ainda quero aprender.
Esse era o maior sonho da minha vida e ainda assim é muito melhor que o sonho. Sempre quis saber como era essa relação entre pai e filho. Minha mãe sempre foi a melhor do mundo, mas mesmo assim, sempre ficou esse vazio inevitável, e agora que ela está sendo suprida, fico pensando “será que o meu pai entende o que perdeu?”. Porque todo sofrimento que tive foi recompensado. Toda essa experiência diária, deu o verdadeiro sentido pra vida que sempre busquei. Tudo o que vivi antes do Otto, só valeu de aprendizado, pois não sabia o que era o amor verdadeiro.
E quando digo que não sabia o que era amor verdadeiro, falo que não compreendia o amor de família. Um amor tão grande, que mesmo me aperfeiçoando a vida toda, não entenderei por completo. Que bom! Isso significa uma jornada inteira de descoberta!
E tudo isso graças ao Otto, que hoje completa 1 ano. Te amo, filho. Obrigado.