Júlio de Castilhos
quarta-feira

22 de janeiro de 2025

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Uma coisa aprendi (além de muitas outras) na vida: Se conselho fosse bom não se dava, vendia. Então, ao contrário do que o título desta coluna insinua, não quero e não devo aconselhar ninguém, ao menos que alguém queria. Afinal conselhos somente são ouvidos se a pessoa quer ouvir. Normalmente quem pede um conselho quer ouvir uma corroboração de seu pensamento. Se não pede, apenas concorda ou segue o que seu pensamento disser, dando de ombros ao aconselhador. Em outros termos, não há conselho dado, mesmo porque as pessoas ouvem o que querem. Se não querem, fingem ouvir.

Ouve um tempo em que conselheiros eram pessoas mais experientes, com larga bagagem de conhecimento e que ajudavam reis, príncipes, enfim, governantes. Em geral os melhores conselheiros eram aqueles que não “batiam de frente” com o chefe, mas também não concordavam absolutamente. Emprestavam sua sabedoria para enriquecer a ideia original e torná-la mais vistosa, mais gloriosa e talvez evitar o fiasco.

Mas atualmente, existem ainda conselheiros? Sabe-se que ao lado de alguns líderes sempre brotam muitos apaniguados, apêndices, “papagaios de pirata” e “puxa-sacos”. Será que conselheiros como os Irmãos Andrada ou o Cardeal Richelieu ainda existem?

O dicionário Houaiss define que conselheiro é aquele que orienta, indica, sugere, recomenda, troca ideias, opiniões ou que se reúne para debater assuntos com o objetivo de chegar a um consenso. No ambiente familiar cabe aos pais, avós, tios o papel de conselheiro, mas bem sabemos que isso está bastante mudado com o advento dos chamados “influenciadores digitais” que moldam opiniões, conceitos e atitudes, porém não tem a responsabilidade com a consequência de suas influências.

Na vida cotidiana sabemos que os conselhos podem ser úteis. Embora possam não ser aceitos, de pronto, após algum tempo, algumas orientações e muitas cabeçadas na parede podemos nos render aos aconselhamentos. Mas também é certo que podemos perder muitas amizades se não soubermos o tom correto do conselho. Alguns aconselhados tomam o conselho por ofensa e, pronto: Cancelado!

Mas, e na política? No Brasil, em princípio, todos os políticos têm os seus mais chegados, mais íntimos. Esses opinam sobre a trajetória, sobre possíveis cenários, sobre alianças, adversários e estratégias. Em geral esses mais próximos se tornarão assessores. Resta saber a qualidade dos conselhos. Mas pelo “andar da carruagem” no mundo político brasileiro vê-se que a coisa deixa a desejar.

Por enquanto fica a dica de alguém um pouco mais experiente: Mesmo que não goste, não vá seguir, ou tampouco vê a necessidade de conselho, pelo menos ouça. E se tiver um tempinho, reflita. Pense nos prós e nos contras. Admita a possibilidade do “se”.

Afinal caldo de galinha e prudência nunca fizeram mal a ninguém (Isso não é um conselho!).

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